Exposição fotográfica Corpo Papel

  • Autorretrato de Lu Barcelos
Entre 21 de fevereiro e 21 de março, a Potrich Galeria recebe a primeira exposição individual da fotógrafa Lu Barcelos, Corpo Papel. Lu se desafia no registro das Humanidades, apresentando retratos de 10 das 21 pessoas tatuadas com textos do livro Sem Palavras, realizados pelo Coletivo Esfinge, com a participação de oito tatuadores.
O primeiro portrait é resultado de livre expressão da ansiedade própria do momento que antecede à realização da tattoo, um tempo de reflexão, significação e troca de impressões sobre a breve história romântica de Nega & Lilu, ficção escrita pela jornalista Larissa Mundim, de onde os textos tatuados foram retirados. “Nesse primeiro momento, os retratos foram feitos de forma muito livre, sem direção, entregue aos humores do dia”, lembra Lu Barcelos.
Meses depois, a fotógrafa foi desafiada a revelar, no segundo retrato, emoções compartilhadas ou não (mas presentes), sobre as marcas deixadas na epiderme pela tatuagem. Lu Barcelos conta que, na companhia de Larissa Mundim, a segunda sessão de fotos se propôs a uma “conversa íntima” com cada participante do projeto. “A proposta era capturar e registrar o estado atualizado daqueles corpos transformados pela obra e impactados pelo tempo”, explica.
Para a autora do texto das tattoos, Corpo Papel é uma das ações mais poéticas dentre as desenvolvidas pelo Coletivo Esfinge para comentar, transformar e difundir o livro Sem Palavras, no campo das Artes Visuais, Artes Cênicas, Audiovisual, Música, Literatura, Design e Comunicação. “É mais uma tentativa romântica de aprisionamento do instante, fala sobre a infinitude e a efemeridade, uma genuína demonstração de carinho pelo que fica do Amor”, comenta a escritora, que terá seu livro lançado em maio de 2013.
Sem precedentes na cena da arte contemporânea, a Literatura permeia o projeto Corpo Papel, que integra body art (arte corporal), com happenings, outra forma de manifestação artística de nosso tempo, que se utiliza do efêmero como poética. “A fotografia surge transversal no registro do ato e da memória e resulta em produto artístico final”, arremata Lu Barcelos.
Para a autora de Sem Palavras, que entrevistou duas vezes os vinte participantes, todos trouxeram colaboração sobre as formas de sentir, pensar e agir, sob o encanto do Amor. Os voluntários tatuados têm faixa etária variando entre 20 e 41 anos, estudantes e profissionais de áreas como Arquitetura, Medicina, Comunicação, Administração de Empresas, Designer de Modas, Teologia, Tecnologia da Informação, entre outras.
Os textos tatuados foram escolhidos pelos próprios leitores, retirados do conto Sem Palavras, contido no romance literário homônimo. A maioria ganhou a caligrafia da própria autora, se consolidando como legítimo “corpo papel”. A primeira tattoo do projeto é Sou sua, gravada na pele da própria autora.
O projeto foi viabilizado com o apoio de oito tatuadores profissionais, atuantes na capital goiana, em 2012. “De cara reconhecemos que este era um projeto importante para as pessoas envolvidas e para a difusão da tatuagem, num contexto positivo e de repercussão enorme”, relata Jander Rodrigues. Além do proprietário do Jander Tattoo Estúdio, também participam do projeto Layz Alencar, Paula Damme des Chat, Ramon Santamaria, Rejane Olig, Virgínia Regozino, Wilson Junior e Yanomani Ami.

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