A cantora Daniela Mercury inicia nesta sexta-feira (7) em Nova York, “a cidade mais interessante do mundo”, uma nova turnê de shows pelos Estados Unidos para apresentar seu mais recente álbum, intitulado “Canibália”.
“Em Nova York há gente de todos os lugares. Sempre quero comer esta maçã para renovar minha vida, para sentir como se estivesse olhando o mundo com outros olhos e compreender melhor o que acontece no planeta”, disse Daniela. “Esta é uma cidade fantástica, de artistas, de produtores de música, de dança, um centro das artes mundial”, completou a cantora, que se apresentará no teatro Best Buy.
O disco “Canibália”, que foi lançado nos EUA no dia 13 de setembro, contém 14 músicas e ainda incluiu um DVD gravado ao vivo em Copacabana. No disco, a cantora baiana segue sua característica mistura de gêneros, que reúne samba, salsa, merengue, reggae, cúmbia e ritmos africanos.
“Eu sou uma fusão, somos mestiços”, disse sorridente Daniela, cuja turnê passará pelas cidades de Miami, Los Angeles, San Francisco e San Diego, além de Montreal e Toronto, no Canadá. Entre as músicas do novo álbum, aparece “A Vida é um Carnaval”; a famosa “O Que Será”, de Chico Buarque; e dois clássicos de Carmen Miranda, entre eles “O Que É Que a Baiana Tem” (1939).
Graças à tecnologia, Daniela Mercury faz um verdadeiro duo com a icônica cantora e atriz luso-brasileira. O álbum também inclui uma colaboração do popular cantor haitiano Wyclef Jean, que já gravou com Shakira.
A cantora exaltou sua admiração pelos artistas latinos, como Juan Luis Guerra, Rubén Blades, Willie Colón e Buena Vista Social Club, assim como por ícones da música popular americana, tal como Stevie Wonder, Ella Fitzgerald, Billy Holiday, Frank Sinatra e Ray Charles, com quem já cantou. Conhecida tanto por sua voz como por seu ativismo social, a cantora disse que a escolha de Dilma Rousseff como presidente do Brasil “foi motivo de orgulho”.
“É interessante que após Luiz Inácio Lula da Silva, que era um trabalhador, tenhamos uma presidente mulher. Parece que a consciência dos brasileiros está mudando porque os países da América Latina ainda são machistas e, como feminista, estou orgulhosa”, afirmou. “Acho que todas as mulheres terão mais força para lutarem por elas mesmas, embora ainda tenha muito o que se fazer no Brasil”, afirmou.
Daniela Mercury, que também é embaixadora da Unicef, ressaltou que seu interesse pela justiça social nasceu ainda na sua infância, lembrando que quando era menina “queria gritar (contra as injustiças), estávamos na ditadura e sentia medo de tudo. Queria fazer justiça frente as pessoas pobres e pedia para que Deus me desse voz para me comunicar com o mundo e ele me atendeu. Como posso viver sem usar esta voz?”, brinca.
“Nesse sentido, minha música é política também. Canto aos negros porque necessitamos fortalecer nossa autoestima para lutar por nossas coisas. Meu país possui muitos desafios, mas também é interessante para se viver”, sustentou.
“Tenho uma cumplicidade não só com minha terra, mas com todo o planeta. Fico triste quando há guerras e crianças necessitando de apoio. Tenho todas as dores do mundo em mim”, afirmou Mercury, que se definiu como uma “humanista”. Além disso, a cantora disse estar orgulhosa “de ser latina, baiana, e de cantar músicas alegres para combater a tristeza e as dificuldades”, expressando também seu apoio aos imigrantes. “Os imigrantes são parte importante da história deste país. Não há como contar a história da prosperidade dos EUA sem eles”, afirmou.
Fonte: Efe, Nova York