O ator Tom Holland, que dá vida ao personagem Homem Aranha na Marvel, publicou no último sábado (13), um vídeo explicando aos fãs que iria se afastar das redes sociais, para cuidar da saúde mental. Em estudos recentes, especialistas explicam que o consumo da internet pode afetar de forma negativa a estabilidade emocional e gerar casos mais graves ao psicológico.
O ator em sua estreia no Universo Marvel (MCU) sofreu diversas comparações por parte dos internautas em 2020. Acostumados com os filmes anteriores do herói, Holland trouxe outra roupagem à personalidade do Homem Aranha, mais próximo às histórias em quadrinhos, e foi o suficiente para os comentários provocativos nas redes sociais.
“Olá e adeus… Estou dando uma pausa nas redes sociais para minha saúde mental, mas me senti na obrigação de vir aqui falar sobre stem4org . A Stem4 é uma das muitas instituições de caridade que thebrotherstrust tem muito orgulho de apoiar – e eu gostaria de tirar um momento para iluminar seu trabalho fantástico”, escreveu o Tom em sua postagem.
A psicóloga especialista em Clínica Psicanalítica Infantil da Holiste Psiquiatria, Alice Munguba, explica como as redes sociais podem afetar a saúde mental. “Essa forma de se estruturar emocionalmente pela via virtual pode ser um caminho perigoso quando a imagem começa a ser pautada naquilo que se vê. Adolescentes que passam noites em claro vendo o perfil dos outros, se perguntando porque a vida do outro é melhor, perfeita, e a deles não. Quanto mais insegura a pessoa é, mais ela capricha em sua própria idealização”, diz.
Redes sociais x Cancelamento
A atitude do astro de se ausentar das redes sociais, foi apoiada por vários famosos incluindo o cantor Justin Bieber. No Brasil, a cantora Luiza Sonza teve seu caso de sumiço das redes sociais muito comentado devido ao cancelamento que as pessoas estavam tendo com ela.
O coordenador do Núcleo de Transtorno Bipolar da Holiste, André Doria fala sobre a cultura do cancelamento. “A psicanálise já nos ensinou que, muitas vezes, precisamos eleger um mestre imaginário para justamente poder destruir a relação com ele. Há uma forma de satisfação perversa nesse movimento: quando aquele, ou aquela, que elejo como referência não satisfaz às minhas projeções, eu elimino. Cancelo. Como as redes sociais são uma profusão de ídolos para todos os ideais, trazem também a profusão do efeito reverso: o ódio pelo ideal frustrado”, explica.
Ao imaginar o mundo perfeito as pessoas buscam a perfeição e, segundo o psicólogo, aí está o problema, essa relação de identificação é bastante frágil. “Ao decidir seguir uma celebridade que defende uma determinada causa, por exemplo, a relação de quem a segue é uma relação de representação: aquela celebridade me representa. Uma ação, uma palavra, um gesto, fora do que os seguidores esperam, e que foge ao traço que os identificam com celebridade, transforma o sentimento de admiração em ódio. É aí que reside a fragilidade dessas identificações: elas só se sustentam quando o outro reflete o que eu penso, o meu ponto de vista”, detalha Dória.
Alice complementa: “É um advento da nossa modernidade que afeta emocionalmente a forma como elas se veem, ou mostra como podem estar dependentes dos likes e até da autoimagem, associando sua importância ao que o outro curte”, destaca a psicóloga.
Os profissionais alertam que precisa ser avaliado se o uso da internet não virou um vício, para que não estejam procurando algo que não é real. “Talvez haja uma pista que sirva para nos orientar: quando perdemos a capacidade de escolha, nos vemos reféns do uso compulsivo”, finaliza Dória.