Bebida alcoólica e festas: especialistas explicam como desfrutar do Ano Novo sem prejudicar a saúde

Endócrino Guilherme Borges e o nutricionista Leandro Ferreira ressaltam que é importante levar em consideração os excessos de álcool e comida no Réveillon
Bebida alcoólica e festas
(Foto: Freepik/freepic.diller)

As festas de fim de ano contribuem para o exagero alimentar, contudo outro ponto que não pode passar despercebido é o excesso de bebida alcoólica. Dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostram que 18,8% da população brasileira tem um padrão considerado abusivo, acima de cinco ou mais doses em uma única ocasião para homens e quatro ou mais para mulheres, de acordo com a bebida ingerida. O endocrinologista Guilherme Borges reforça que “alimentação saudável é mais do que uma refeição” e dá algumas dicas para passar pelas festas sem consequências drásticas e sem culpa.

Bebedeira e glicose

Embora as opções à mesa sejam variadas, o profissional ressalta que também é importante levar em consideração o papel do álcool nos excessos na noite de Réveillon. “Lembre-se que o álcool é uma caloria vazia. Ele não traz nenhum nutriente. Por isso, quanto menor a quantidade melhor, reduzindo o consumo calórico”, explica.

Além de evitar o exagero, o médico aborda outro ponto que é o erro comum de a pessoa que bebe quantidades maiores também negligenciar a comida. No caso de diabéticos isso é ainda mais perigoso.

“O álcool inibe a gliconeogênese hepática, que é a produção de glicose em uma situação de hipoglicemia. Então, existe uma tendência no pós-bebida, dependendo da quantidade ingerida, para o desenvolvimento de hipoglicemia até em manifestações mais graves. Para o indivíduo com diabetes pode haver um aumento da glicose quando ingere a bebida alcoólica já que o álcool acaba sendo um tipo de açúcar. Mas ele também tem esse efeito inibidor. É importante reforçar isso, principalmente para os pacientes diabéticos tipo 1 e para os diabéticos tipo 2 que usam insulina”, argumenta.

Ainda que seja comum ver pessoas que exageram recorrendo a doces, Guilherme frisa que qualquer alimento pode ajudar a combater os efeitos negativos. “Um alimento doce, com açúcar, tem uma absorção mais rápida, então a glicose também sobe mais rápido e melhora o mal-estar, causado pelo fato de o indivíduo estar com a glicemia no limite inferior da normalidade”, pontua.

Escolha a bebida certa

Como muita gente não abre mão da bebida durante as festas, o nutricionista e personal trainer Leandro Ferreira explica que, embora seja uma questão de gosto pessoal, escolher o conteúdo do copo é tão importante quanto manter a moderação. “O álcool tem 7 calorias por grama. Quanto maior o teor alcoólico, maior a quantidade de calorias do seu drink”, afirma.

Enquanto uma taça de vinho, de 150 ml, tem 108 kcal e uma de champagne tem 110 kcal, uma lata de cerveja com 350 ml tem 143 kcal. Por outro lado, ainda que sejam consumidas em quantidades menores, entre 45 e 50 ml por dose, bebidas como gin e whisky podem ter de 110 a 125 kcal em cada dose. Por fim, a campeã de calorias é a caipirinha com açúcar, que chega a ter 300 kcal por copo com 200 ml.

Além da escolha consciente, o endocrinologista Guilherme Borges recomenda a ingestão de um copo de água entre drinks e cervejas. “Isso vai tanto diminuir a chance de você se desidratar como diminuir a quantidade de álcool ingerida”, explica.

Noite de festa em um dia normal

Já de olho na fartura de comida e bebida que a noite de festas promete, é comum que as outras refeições do dia de Réveillon sofram. Isso pode criar o cenário ideal para os excessos. Diante disso, o endocrinologista reforça a importância de manter a rotina alimentar nesses dias apesar das festas. “Não pule refeições. Faça sua alimentação conforme o seu dia a dia e, se possível, faça um lanche saudável antes de ir para as festas de fim de ano, assim você evitará exagerar”, recomenda.

Outra dica é para quem fica responsável por preparar a mesa. Alguns processos podem ser longos, então beliscar e beber enquanto cozinha também pode fazer a pessoa passar da conta sem sequer perceber. Contudo, o endocrinologista Guilherme Borges lembra que exagerar na ceia não vai pôr toda a sua rotina alimentar a perder. “Se você comeu muito na festa não se sinta culpado. Não faça jejum depois disso somente pela culpa”, aconselha.

No mesmo sentido, o nutricionista e personal trainer Leandro Ferreira dá a dica de sempre começar a refeição pela salada para diminuir a fome e ajudar na moderação. Contudo, também existem outras estratégias na hora montar o pronto ou a mesa. “Entre as opções de carne, opte pelas mais magras, grelhadas ou assadas sem pele. Aves e peixes são boas opções. Com relação aos molhos, dê preferência aos feitos com iogurte, limão ou que sejam à base de frutas. E, por falar em frutas, aproveite as frutas da época para compor a sua salada e principalmente as sobremesas”, finaliza.

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