Sem precisar voltar muito no tempo, recordamos o histórico dos salões de arte do Estado, o contexto em que se inscreveram, os impactos e o legado para a cena das artes visuais. Nesse cenário, os salões, além de serem elementos contidos no estudo teórico de campo ou sistema de arte, apresentam uma série de outros elementos importantes que o constituem. A saber: os artistas, críticos, curadores, jurados, montadores, imprensa, produção, fotógrafos, editores (de impressos) e, com o possível envolvimento de instituições, seus gestores e aparelhos.
A professora de história, teoria e crítica de arte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Maria Amélia Bulhões afirma que “para entender as artes visuais é preciso ir além dos artistas” e considerar todos os outros atores que interagem, além dos artistas, cada qual com sua relevância, assim como os “eventos artísticos estão ligados às condições sociais, políticas e culturais do meio em que atuam”. E, a partir dessas premissas, assinalamos a importância de alguns desses eventos, destacando dentre outros o Salão Nacional de Arte de Goiás (Prêmio Flamboyant), Salão de Arte de Jataí e Salão Anapolino de Arte. Os três eventos citados tiveram repercussão nacional, envolveram – e tem envolvido – alguns dos principais atores dessa cena e se constituem como esse espaço de luta pelas conquistas ou manutenção do poder simbólico, que é o capital cultural. Dois deles ainda se encontram em atividade: o de Jataí e o de Anápolis, ambos do interior de Goiás. E é sobre esse último que lançamos nosso olhar, entendendo o potencial incremento teórico e cultural que tem recebido nos últimos anos.
A mais recente mostra do Salão Anapolino de Arte deixa a Galeria Antônio Sibasolly, em Anápolis, no dia 19 de fevereiro, após quatro meses de sua abertura à visitação pública, cumprindo todos os protocolos de segurança determinados para este momento de pandemia. A diversidade cultural e social brasileira está representada nesta edição, que apresenta trabalhos de 24 artistas.
Para este ano, uma novidade é sua itinerância. Depois de Anápolis, o Salão segue para o Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG), com lançamento no dia 8 de março, data em que também serão divulgados os nomes dos premiados. Também haverá, no mesmo dia, mesa redonda com Wagner Barja, Adelaide Pontes e Clarissa Diniz, membros da comissão de seleção, e Claudinei Roberto da Silva, Samantha Moreira e Vania Leal, responsáveis pela premiação.
Os artistas da Mostra Nacional concorrem a três prêmios de R$ 10 mil. Na categoria Fomento à Produção Anapolina, criada para estimular os jovens talentos da cidade, são quatro prêmios no valor de R$ 2.500,00. Com aporte financeiro do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, o Salão é uma realização da Prefeitura de Anápolis/Secretaria Municipal de Cultura e Associação dos Amigos da Galeria de Artes Antônio Sibasolly.
Um pouco da história do Salão
Já são 40 anos e 25 edições – com algumas descontinuações no meio do caminho, – de persistência e insistência até conseguir consolidar, em Goiás e no Brasil, um espaço de divulgação e valorização das artes visuais. E o crescimento, ano a ano, do Salão Anapolino de Arte, seu êxito como instrumento de estímulo e fomento à produção contemporânea fortalece a convicção de que vale a pena continuar lutando para mantê-lo e aprimorá-lo. Os números do salão impressionam: neste ano, a marca de inscritos foi superada em relação às edições anteriores, alcançando 1.185 participantes, contando com a participação de artistas de quase todos os estados, também foi a primeira edição em que a quantidade de homens e mulheres selecionados foi absolutamente igualitária.
O Salão assume como missão contribuir para o contínuo processo de fortalecimento da arte e apoiar jovens artistas. E, também, cumpre o papel de colaborar para a formação do acervo de arte contemporânea do Museu de Artes Plásticas de Anápolis – Mapa -, unidade da Secretaria Municipal de Cultura. As aquisições, chanceladas por uma equipe curatorial de renomados profissionais do circuito nacional, permitem a criação de um acervo que reflita questões pertinentes ao homem contemporâneo, garantindo assim, a memória patrimonial da atualidade.
Também, se apresenta como espaço de reconhecimento aos artistas goianos com o Prêmio Artista Convidado, categoria lançada no ano passado. Neste ano, a organização do evento faz homenagem ao goiano Siron Franco, que tem seu nome marcado na história da arte brasileira e projeção internacional. Com o Prêmio Artista Convidado, o objetivo é reconhecer a importante contribuição desses artistas na projeção da arte contemporânea goiana em âmbito nacional e internacional.
Artistas selecionados
Agrippina R. Manhattan – RJ; Aline Brune – BA; Aline Luppi Grossi – PR; Ana Sabiá – SC; Diambe – RJ, Eneida Sanches – SP; Erinaldo Cirino – PA; Estevão Parreiras – GO; Gê Viana – MA, João Trevisan – DF; Luiz 83 – SP; Pamella Anderson – DF; Renan Teles – SP, Renata Felinto – CE, Rodrigo D’ Alcantra – DF; Sophia Pinheiro – GO; Ueliton Santana – AC; Vic Macedo – RS; Xadalu Tupã Jekupé – RS, e Ziel Karapotó – PE.
Os artistas suplentes são Iago Fernandes – MG; Raphael Bqueer – RJ, e 3º Erica Storer de Araújo – PR.
Dentre os inscritos na Categoria Fomento à Produção Anapolina os artistas selecionados são Ana Paula Faria, Diego Oliveira, Joardo Filho e Rei Souza.