O Dia da Conscientização da Psoríase, registrado em 29 de outubro, reforça a importância do diagnóstico precoce da enfermidade crônica. Prurido, dor, ardor, sensação de queimação, espessamento da pele e lesões são os sintomas da doença que atinge cerca de 2,6 milhões de brasileiros, majoritariamente entre jovens de 20 a 40 anos. Como resultado, além de seus sintomas, a psoríase dificulta as atividades do dia a dia, a rotina do trabalho, os momentos de lazer e as relações sociais. O Bullying, o isolamento social e a discriminação também são comuns devido à manifestação visível da doença.
Apesar de ser uma doença grave, a psoríase tem tratamento que alivia a jornada desafiadora do paciente, diminui significativamente os sintomas e oferece mais qualidade de vida. É uma enfermidade sistêmica, imunomediada, não contagiosa e incapacitante; seu grau mais crítico atinge 20% dos pacientes.
A psoríase se desenvolve a partir da liberação de substâncias inflamatórias pelos linfócitos T, responsáveis pela defesa do organismo, que ativam uma cascata de reações que levam ao aparecimento de lesões na pele mais comumente na forma de placas, caracterizadas por lesões elevadas, avermelhadas e descamativas. “Com o tratamento adequado esse curso inflamatório é interrompido levando à consequente melhora dos sintomas”, alerta o Dr. Daniel Nunes, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia e professor de Dermatologia da UFSC.
Essa inflamação sistêmica pode repercutir ainda em outras regiões do corpo. Até 30% dos pacientes com psoríase podem apresentar artrite psoriásica, por exemplo, outra manifestação da doença que caracteriza-se pela inflamação nas articulações afetando dedos das mãos e dos pés, coluna, joelhos, tornozelos e quadris.
Causas e Sintomas
O surgimento dos sintomas é imprevisível, podendo ter gatilhos ambientais além de fatores genéticos contribuindo para o aparecimento da doença. “A psoríase é causada por predisposição genética associada a fatores externos e comportamentais como infecções bacterianas e virais e estresse emocional. Os principais sintomas da psoríase em placas, a forma mais comum da doença, são lesões de tamanhos variados, delimitadas e avermelhadas, com escamas secas esbranquiçadas ou prateadas que surgem no couro cabeludo, joelhos e cotovelos”, explica Dr. Daniel.
Comorbidades são comuns
De acordo com o Dr. Daniel, destaca que a psoríase não é apenas uma doença que atinge a pele, mas uma doença sistêmica. “Isso quer dizer que ela afeta todo o corpo humano, ao invés de apenas um órgão ou região, e causa efeitos variados. Por isso, ela também está associada a múltiplas comorbilidades”, complementa o especialista.
Além disso, o médico reforça que mais de 50% dos pacientes com psoríase apresentam uma ou mais comorbidades. Entre elas estão a própria artrite psoriásica, as doenças inflamatórias intestinais, depressão, ansiedade, doença hepática gordurosa não alcoólica, doença renal crônica e aumento do risco de doenças cardiovasculares relacionadas à obesidade, diabetes e hipertensão arterial. Por isso a abordagem multidisciplinar é fundamental. Isso mostra mais uma vez a importância do diagnóstico precoce, a busca pelo especialista correto e a escolha do tratamento adequado desde a descoberta dos primeiros sinais da doença.
Psoríase e saúde mental
Além das diversas comorbidades que geram piora na qualidade de vida dos pacientes, a desinformação e o preconceito acabam gerando um estigma social muito presente. A combinação dos sintomas físicos e o impacto do estigma afetam a autoestima e a qualidade de vida do paciente em suas atividades diárias. Ela pode impactar a saúde emocional, os relacionamentos e o modo como esse paciente lida com o estresse. Pode até afetar áreas da vida que ele não esperaria, como as roupas que escolhe usar.
Tratamento adequado
Entre as terapias disponíveis estão as medicações tópicas, que são cremes e pomadas, e fototerapia, os banhos de luz, as medicações orais, e os medicamentos biológicos. Como opção terapêutica para os pacientes que apresentam psoríase de moderada a grave, cerca de 20% deles, os imunobiológicos chegaram como um grande avanço no tratamento da doença. Eles atuam em alvos específicos envolvidos no processo inflamatório, amenizando os sinais e sintomas dessa doença.
Esses medicamentos são produzidos a partir de organismos vivos por meio de processos biotecnológicos. “Atualmente, é possível produzir medicamentos biológicos de atuação altamente específica. Os chamados anticorpos monoclonais, por exemplo, funcionam de forma dirigida contra alvos específicos da psoríase, diferente de outros medicamentos”, explica o dermatologista, e finaliza “busque informações de qualidade sobre a doença e tenha um diálogo aberto com o seu médico para persistir na busca pelo tratamento mais adequado, seguro e eficaz para a fase em que a sua doença se encontra. Assim é possível conquistar mais qualidade de vida”.
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