A indústria da moda tem voltado sua atenção para a sustentabilidade em meio às mudanças climáticas que o mundo atravessa, pauta discutida anualmente na Conferência do Clima das Nações Unidas. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a produção de roupas gera entre 2% a 8% do volume global de emissões de carbono, e o tingimento têxtil é considerado o maior poluidor de fontes de água no mundo.
No Brasil, cerca de 170 toneladas de resíduos têxteis são produzidas por ano, e 80% desse total vão parar em lixões e aterros sanitários, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Contudo, mais do que ditar tendências, o setor vem demonstrando na prática a preocupação com o meio ambiente e em estimular um consumo consciente, como explica Teresa Souza, professora do curso de Design de Moda da Estácio.
“Vivemos uma séria crise climática que nos faz repensar toda a cadeia produtiva da moda e a buscar por processos sustentáveis. O mercado da moda está mais comprometido, em busca da redução dos impactos ambientais durante a concepção das peças até o seu pós-consumo. Tecidos de fibras naturais ou de fibras recicladas, novas técnicas de tingimento, matérias-primas mais duráveis, transformação de um objeto existente em um novo produto são alguns dos bons exemplos adotados pelos pequenos negócios e pelas grandes varejistas. Só para citar, a Renner desenvolveu uma linha com materiais reciclados e produtos orgânicos; e a Osklen é reconhecida Brasil afora por suas ações voltadas para a sustentabilidade socioambiental”, relata.
A docente explica que nesse movimento de uma moda mais sustentável e reflexiva, no slow fashion, três técnicas se destacam: upcycling, customização e recycling. “A primeira reaproveita materiais que seriam descartados e cria um novo produto de maior valor agregado. A segunda dá uma nova vida a um produto existente, o que também agrega valor. Já o recycling reinsere o mesmo produto no mercado com a reciclagem do material”.
Para que a moda sustentável avance, Teresa Souza acredita na conscientização de todos como um ponto fundamental. “Os consumidores devem se informar sobre as marcas que consomem e seus processos de fabricação, composição das peças, buscar aquelas que utilizam materiais naturais feitos por pequenos artesãos, valorizando a produção local, e não comprar por impulso”, finaliza.