Mario Queiroz acredita que a Moda precisa estar ligada as artes e ter ciclos mais duráveis, por isto, projetou peças trabalhosas com tecidos de suas coleções anteriores se aprofundando na pesquisa sobre o Art Decô e Futurismo.
A casa de Serralves em Porto – Portugal serviu de inspiração por ser de uma nova arquitetura para os padrões dos anos 30 e mesmo com linhas simples e limpas, reúne detalhes de serralheria, marchetaria, vidros e pedras que a enriquecem ainda mais.
O designer projetou casacos para homens e mulheres de cortes precisos, mas com detalhes que os tornam únicos. Tomou do seu acervo tecidos preciosos que estavam guardados, muitos elaborados por ele mesmo – seja na construção ou estamparia – e usou em blocos de padrões e combinações diferentes que se harmonizam.
A designer de superfície Bia Bender foi convidada a elaborar trabalhos – com macramê, diferentes técnicas de bordados e aplicações – sobre várias peças e acessórios tornando-os únicos. Os fios, metais, pedras e cristais se envolvem sobre os tecidos criando barrados geométricos e triangulares.
A cartela da coleção em diferentes tons de preto, cinza, prata, dourado, escuro terroso e azul profundo se combinam nos padrões que ressaltam bicos, barras e elementos decô.
As estampas criadas por Orlando Facioli, também responsável pelo projeto gráfico do desfile, se cruzam com os padrões de Ricardo Brito desenvolvidos pela estamparia de Uberaba, Camizzetaria, com tintas metálicas e esmaltadas.
A alfaiataria se enriquece nesta coleção de Mario Queiroz através da mistura de diferentes casimiras da Kowarick ou mesmo de tecidos inusitados, como os jacquards. Paletós e Casacos trazem austeridade, mas ao mesmo tempo humor e criatividade, sejam por muitos serem reversíveis ou pela combinação inusitada de bases pesadas e leves, como no caso da lã com organza plissada.
Com o mesmo pensamento de dar um ciclo maior ao que já foi criado ("upcycle"), Mario resgatou componentes de joias que seriam descartadas e desenvolveu, com sua parceira Rommanel, uma linha exclusiva para o desfile com broches, colares, brincos e pulseiras.
Uma das poucas diferenças entre os looks femininos e masculinos está nos calçados. As botas masculinas de cano curto, realizadas junto a Dom Shoes, surgem em duas versões: combinações de couros rústicos e de couros envernizados. Já as femininas, feitas em parceria com a My Shoes, também de cano curto e mistura de couros, mas com salto de oito cm e desenhos exclusivos.
Na beleza do Studio W, homens e mulheres se parecem e aparecem em duas versões. Marcelo Harpa projeta um cabelo natural e seco, que lembra o movimento das ruas, e um coque despojado. O make de Marcelo Andrade traz uma versão fresh e outra com a boca num tom escuro de açaí, que ressalta também as sobrancelhas valorizadas.
A iluminação do desfile, feita pela Stage, fará todo o diferencial da passarela. A trilha de Fabio Gonçalves e mixagem de Rodrigo Teixeira buscam num novo jazz o tom chique do desfile. As três músicas são de Slackwax e Planningtorock.
Mário Queiroz apresentou sua coleção feminina e masculina inverno 2012 no dia 21 de janeiro, na SPFW, no prédio da Bienal de São Paulo.
