Um evento cardÃaco é um marco na saúde de qualquer paciente. Nessa situação é preciso, além de um acompanhamento especializado, fortalecer o corpo e também o coração. Um paciente pós-evento cardiovascular deve ter um tratamento completo, que engloba a parte farmacológica e também a não farmacológica, inclusive a reeducação alimentar e a prática regular de exercÃcios. De acordo com o fisioterapeuta Rafael de Macedo, responsável pela Academia do Coração do Hospital Costantini, “o paciente pós-evento cardiovascular que não faz atividade fÃsica – desde que tenha condições clÃnicas para tal – está com seu tratamento incompletoâ€.
Uma pesquisa realizada em parceria entre a Columbya University e o Instituto Cardiológico G. M. Lancisi, da Itália, comprova que o Ãndice de hospitalização em função de reincidência de insuficiência cardÃaca entre pacientes pós-eventos cardiológicos que praticam atividade fÃsica é menor do que daqueles que não praticam. Na comparação entre dois grupos de 50 pessoas, 26% dos que não praticaram atividade fÃsica alguma tiveram nova internação relacionada a problemas cardiológicos, contra apenas 5% de reincidência entre o grupo que passou a praticar atividades fÃsicas. Essa diferença é ainda maior quando comparados os Ãndices de mortalidade no perÃodo de estudo. Nos cinco anos posteriores ao inÃcio do estudo, no grupo que passou a praticar atividades fÃsicas, o número de baixas foi de nove casos. Já no grupo que não praticou atividades fÃsicas, o número de baixas chegou a 20.
A inclusão do exercÃcio fÃsico como tratamento deve seguir as orientações da equipe que acompanha o paciente e o primeiro passo é realizar uma avaliação multiprofissional para determinar o risco para a prática do exercÃcio. “O paciente pode ser classificado como de baixo, moderado ou alto risco para a prática exercÃcios fÃsicos. Isto vai definir o tipo de supervisão necessária para a prática, o tempo de duração do programa e a forma com a qual as cargas de exercÃcios deverão ser progredidasâ€, explica Macedo.
Os exercÃcios são divididos em dois grandes grupos, que juntos trazem muitos benefÃcios para o coração. Os aeróbicos, como nadar, correr ou caminhar são os que trazem benefÃcios diretos para o coração, mas junto com os exercÃcios chamados resistidos (aqueles realizados com pesos), os resultados são ampliados. “Para que possamos realizar exercÃcios o maior tempo possÃvel ao longo de nossas vidas, o esforço resistido passa a ser imprescindÃvel. Com este tipo de atividade é possÃvel fortalecer a musculatura dos membros inferiores diminuindo as chances de ocorrerem lesões musculares ou articulares que impeçam a realização dos exercÃcios aeróbicosâ€, comenta o responsável pela Academia do Coração do Hospital Costantini.
O acompanhamento aos pacientes que incluÃram a atividade fÃsica em seu dia a dia demonstra que há um menor risco de morte quando é associado o exercÃcio fÃsico ao tratamento. “Quanto melhor o nÃvel de capacidade funcional (aptidão fÃsica) dos pacientes pós-eventos cardiovasculares, melhor é a qualidade de vida dos mesmos e, além disso, maior será o tempo de sobrevida. Esta melhora de capacidade funcional é adquirida com o treinamento fÃsico regularâ€, comenta Rafael Macedo. Isso porque o paciente em reabilitação cardiovascular, como explica o fisioterapeuta, é criteriosamente avaliado dentro do seu risco para a prática, o que permite limitar a uma intensidade que produza efeito de treinamento sem agredir o coração.
Os resultados dessa inclusão de exercÃcios na rotina diária são significativos e mudam o perfil dos pacientes, contribuindo diretamente na saúde. “Várias das pessoas que acompanhamos após eventos cardÃacos mudaram hábitos de vida. Alguns perderam mais de 20 kg, outros correm hoje de forma não competitiva, coisas que não conseguiam fazer antes do infarto e sentem-se melhores hoje do que antes do evento cardiovascularâ€, conta.
Academia do Coração
Diante da real contribuição do exercÃcio fÃsico para a reabilitação de pacientes pós-eventos cardiológicos, o Hospital Cardiológico Costantini estruturou a “Academia do Coraçãoâ€, um espaço para a prática dos exercÃcios fÃsicos e o acompanhamento aos pacientes a fim de promover uma reabilitação completa. “Os pacientes passam por um perÃodo de reabilitação supervisionada com o objetivo de aprender como se exercitar e quais os sinais e sintomas que devem prestar atenção quando realizam atividade fÃsica. Após o perÃodo supervisionado, os pacientes recebem alta e passam para uma fase não supervisionada, onde irão se exercitar conforme a orientação da Academia do Coração em ambiente não hospitalarâ€, explica Rafael Macedo.