Você acha que viu sua intimidade, através de seus filmes. Mas não viu. Acha que soube mais sobre ele na biografia escrita por Eric Lax, mas não totalmente. Ou um pouco de seu dia-a-dia no filme Wild Man Blues, em que toca clarinete pela Europa. Mas o real e simples sujeito vai estar é em Woody Allen: A Documentary. Esse íntimo retrato produzido pela American Masters, de duas partes e três horas e meia, finalmente vai mostrar curiosidades ínfimas, mas preciosas, como sua máquina portátil de escrever Olympia, em que datilografou tudo o que você viu nas telas, ou seu bloco de anotações ao lado da cama, enquanto fuça antigos papéis em busca de ideias para novos filmes. “Escrever é a grande vida”, diz logo nas primeiras cenas. E é isso o que sempre foi, humildemente escondido por trás da plataforma do cinema – ainda alguém gasta tempo dizendo que ele seria um escritor menor se suas histórias fossem livros e não filmes?
Grande artista
“Eu não tenho a concentração ou dedicação que você realmente precisa para ser um grande artista, eu prefiro ficar em casa assistindo esportes”, diz, em certo momento do documentário. O riso, o estilo, o ritmo do humor, a influência sobre gerações, a leveza – talvez tudo isso tenha tido peso maior e a definição de um “grande artista” tenha de ser alterada um pouco para os tempos atuais. “Eu realmente não me importo com o sucesso comercial – e o resultado final é que eu raramente alcancei ele”, brinca, sem pontuar seus dois grandes e reais sucessos, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977, com bilheteria de 38 milhões de dólares) eMeia-Noite em Paris (2011, com arrecadação de 55 milhões). Woody completa 76 anos em 1º de dezembro e o documentário, claro, traça sua história até mesmo lá para trás, na infância no Brooklyn. Vai ao ar no domingo pela PBS, mas logo pode ser baixado por aí, caso alguma TV brasileira se demore a comprar os direitos.
Veja trailer do documentário:
Watch Woody Allen: A Documentary on PBS. See more from AMERICAN MASTERS.
