O Mistério de Feiurinha Foto:Silvio Quirino
O realizador goiano Luiz Roberto Pinheiro, expoente consagrado do teatro infantil nacional, se vale da obra do mestre da literatura brasileira, o escritor paulista Pedro Bandeira, e transforma O Mistério de Feiurinha em um delicioso musical. A dobradinha Luiz Roberto e Pedro Bandeira é a atração do Teatro Madre Esperança Garrido, nos dias 17 e 18 de setembro, às 17 horas.
Pedro Bandeira, que possui uma rica bibliografia que inclui mais de 40 obras e um Prêmio Jabuti (Melhor Obra Infantil), conquistado em 1986 com o conto O Fantástico Mistério de Feiurinha (primeira edição lançada pela Editora FTD e a partir da terceira pela Editora Moderna), é o convidado especial da temporada goiana da peça, que já viajou por Salvador e Brasília. Além de assistir ao espetáculo de Luiz Roberto Pinheiro, o escritor vai ministrar a palestra Como Conquistar o Aluno que não Gosta de Ler (dia 17, às 10 horas, no Teatro Madre Esperança Garrido) dirigida aos professores, diretores e coordenadores pedagógicos do Ensino Fundamental.
Com a transposição de O Mistério de Feiurinha para o gênero musical, Luiz Roberto realiza um antigo desejo. “Sempre fui atraído pela narrativa de Pedro Bandeira, especialmente por esse livro, que é uma síntese do meu teatro”, explica o diretor, que completa: “Feiurinha é um exercício de criatividade, que reúne várias heroínas dos contos de fada, também o foco das minhas produções, numa narrativa divertida. E é ainda uma bela história de amor”.
Participações afetivas
Em O Mistério de Feiurinha, Luiz Roberto se vale de duas características do seu teatro. Lança novos nomes para as artes cênicas, a exemplo da jovem atriz Amanda Constantino (a heroína Feiurinha), de 21 anos, e reforça a cena teatral recorrendo a nomes consagrados do teatro goiano. Para o realizador, são, simplesmente, “participações afetivas”. Entre elas, Karlla Braga (que revive o personagem de Branca de Neve), Ronei Oliveira (Escritor e Bruxa Ruim), Leleco Diaz (Caio, o Lacaio) e Tetê Caetano (Jerusa). “Tetê é uma grande atriz e me auxilia também na direção de atores”, assinala Luiz Roberto.
Luiz Roberto indica ainda a presença do coreógrafo João Bragança. “O João é meu coreógrafo, meu diretor dos números de dança. Sem sua interferência, meus musicais não teriam a fluidez que possuem”, explica.
O estilo Luiz Roberto Pinheiro de conceber um musical infantil está estampado na ficha técnica. “A maioria está comigo há mais de uma década. Não tem razão para mudar. São os melhores”, elogia. O compositor Can Kanbay criou as músicas inéditas e a trilha incidental. Chica Duarte assina os cenários e Ana Maria Mendonça fez um revival dos figurinos que desenhou ao longo de duas décadas da Pinheiro Produções, já que muitas das heroínas de O Mistério de Feiurinha usaram modelos da figurinista. “Tudo isso sincronizado, com muita cor e, digamos, luxo, que eu amo, e desperta o olhar das crianças”, exalta e ensina Luz Roberto.
Desde que passou a introduzir a animação em seus musicais há quatro anos, o diretor conta com a colaboração da equipe da Mandra Filmes. “O recurso da multimídia é um reforço, uma necessidade hipnótica para prender a atenção das crianças que nasceram dominando as novas mídias”, entende.
A história
O mergulho de Pedro Bandeira no mundo mágico das heroínas começa com a solteirona Chapeuzinho Vermelho (Gabriela Felisberto). Ela chega ao castelo da colega Branca de Neve (que não suporta nem ouvir falar em maçã) perplexa. Feiurinha sumiu. Mas quem é Feiurinha? Ninguém a conhece pelo simples fato de que sua história não foi registrada em um livro. Portanto, não existe. Elas convocam uma reunião com todas as outras princesas encantadas e surgem então: a sempre dorminhoca Bela Adormecida (Flávia Carolina), a cabeluda Rapunzel (Thaynara Azevedo), a moça do sapato de cristal de odor forte Cinderela (Yane Cabral) e a alérgica Bela da Fera (Daniela Vieira).
Do imaginário dos contos de fadas, as meninas encantadas viajam ao mundo real. Lá, contratam um autor para escrever a história de Feiurinha. A governanta Jerusa é quem auxilia o homem da pena a traçar o perfil da menina que foi tirada de seu lar ainda bebê, foi escravizada por três bruxas (a Ruim, a Malvada e a Piorainda) e que tem como companhia apenas um Bode Velho, na verdade, um príncipe encantado, vivido por Reider Antonny.
Teve sensação de que já leu algo parecido? Sim, já leu. É essa metalinguagem que fez e faz a obra de Pedro Bandeira encantadora. Imortal.