“Estampas falam, cores suspiram… mas só a chita canta e dança.” É dessa forma poética que o estilista Ronaldo Fraga qualifica esse tecido tão brasileiro, feito de algodão, com estampas de cores fortes, geralmente florais, e trama simples. Utilizada por ricos e pobres e difundida por todo o país, sua “família” chegou ao Brasil trazida pelos portugueses na segunda metade do século XIX, quando a indústria têxtil nacional crescia consideravelmente. Para resgatar a história desse tecido tão brasileiro e democrático, com força e personalidade que lhe permitem sobreviver à globalização, a escritora e ilustradora alemã Anna Göbel convidou o estilista Ronaldo Fraga para dar voz à chita nesse lançamento da Autêntica Editora, destinado a leitores de todas as idades.
As imagens exploram a diversidade de cores e formas, padrões e texturas da chita em figuras e cenários de festas populares como o maracatu, as festas juninas, as danças e os folguedos populares.
A narrativa é toda em primeira pessoa, feita pela própria chita, que explica sua origem e a origem de seu nome, fala de seus “antepassados”, originários da Índia na Idade Média e conhecidos como chintz. Da variação dessa nomenclatura, nasceu aqui a chita, com novas padronagens, contornos em preto e cores vivas e variadas. Aqui, também, a família cresceu, com o surgimento do chitão, com flores grandes, e da chitinha, com flores miúdas.
A alemã Anna Göbel conta que se apaixonou pela chita desde que chegou ao Brasil. “Ela me dizia muito do jeito alegre desse povo que me recebeu de braços e coração abertos. Recentemente, usando papel, tesoura e cola, comecei a brincar com ela, e marquei um encontro com Ronaldo Fraga, acreditando que ele pudesse me contar mais casos sobre a chita.” Após o encontro, impressionada com a riqueza de informações, Anna convidou o estilista para “dar palavras aos seus desenhos”, proposta prontamente aceita por Fraga. “Muito me honrou o convite feito por uma alemã (!) para dar palavras a suas lindas ilustrações, inspiradas na festa dessa sertaneja.” O resultado é um brinde à cultura e à identidade nacional, numa homenagem a um tecido que é também uma expressão de brasilidade