
FILME
De acordo com o tenor, a obra segue de perto o filme “O Carteiro e o Poeta”, de Michael Radford, com roteiro de Antonio Skármeta. “Catán tirou o melhor dele e em alguns momentos o filme é melhor, mas em outros é superado pela ópera, pois a música ajuda em todos os dramas”, ressaltou.
Domingo aproveitou também para elogiar as vozes de Charles Castronovo e de Daniel Montenegro, que se alternarão em Paris no papel do carteiro da ilha italiana na qual Neruda se exilou junto com sua esposa, Matilde. Um exílio “sempre é triste”, mas para Neruda foi também a chance de ficar em paz, com sua esposa, depois de viajar muito e manter uma intensa atividade profissional, considerou o cantor clássico.
A ópera está repleta de momentos românticos e divertidos –com o poeta ensinando o carteiro a conquistar sua amada–, mas Domingo revela que insistiu para Catán incluir “uma cena trágica, de força, onde apareciam suas ideias políticas e a raiva que sentia por estar longe do Chile em um momento no qual eram cometidas várias atrocidades”, declarou.
No romance do chileno Antonio Skármeta que inspirou o filme e a ópera, o Neruda da ficção jamais escreveu ao carteiro depois daquela amizade, o que explica o final extremamente emocionante. O resultado é um final “tremendo”, de uma força dramática muito especial, que não deixa “um olho seco em todo o teatro”, concluiu o tenor.