Paris vai receber ópera sobre Neruda com tenor Plácido Domingo

O tenor espanhol Plácido Domingo estreará ná próxima segunda-feira (20) na França a ópera “Il Postino”. No espetáculo, que ocorrerá no Teatro do Châtelet, em Paris, interpretará Pablo Neruda, contou o cantor nesta terça-feira (14) durante evento de apresentação da ópera.
Plácido Domingo dedicou parte da cerimônia para homenagear o compositor da peça, o mexicano Daniel Catán, falecido em abril, a quem elogiou pela “excelência de seu trabalho” e também por sua “grande sensibilidade”.
O tenor recordou os bons momentos compartilhados desde que o compositor propôs a ideia de criar “Il Postino”, obra que ele considera perfeita para a ópera e que estreou com grande sucesso na Opera de Los Angeles em setembro de 2010.
A obra chega agora ao Teatro do Châtelet(Theatre du Châtelet, em francês), em Paris, e a expectativa é que seja levada também para Espanha, Chile, México e Itália, entre outros países.
Domingo afirmou que Catán criou o papel do “Postino” pensando no tenor mexicano Rolando Villazón, que não pôde participar por problemas de saúde. O tenor espanhol disse não ter intenção de ser o único intérprete de Neruda nesta ópera e deseja compartilhá-lo com Villazón.

FILME

De acordo com o tenor, a obra segue de perto o filme “O Carteiro e o Poeta”, de Michael Radford, com roteiro de Antonio Skármeta. “Catán tirou o melhor dele e em alguns momentos o filme é melhor, mas em outros é superado pela ópera, pois a música ajuda em todos os dramas”, ressaltou.

Domingo aproveitou também para elogiar as vozes de Charles Castronovo e de Daniel Montenegro, que se alternarão em Paris no papel do carteiro da ilha italiana na qual Neruda se exilou junto com sua esposa, Matilde. Um exílio “sempre é triste”, mas para Neruda foi também a chance de ficar em paz, com sua esposa, depois de viajar muito e manter uma intensa atividade profissional, considerou o cantor clássico.

A ópera está repleta de momentos românticos e divertidos –com o poeta ensinando o carteiro a conquistar sua amada–, mas Domingo revela que insistiu para Catán incluir “uma cena trágica, de força, onde apareciam suas ideias políticas e a raiva que sentia por estar longe do Chile em um momento no qual eram cometidas várias atrocidades”, declarou.

No romance do chileno Antonio Skármeta que inspirou o filme e a ópera, o Neruda da ficção jamais escreveu ao carteiro depois daquela amizade, o que explica o final extremamente emocionante. O resultado é um final “tremendo”, de uma força dramática muito especial, que não deixa “um olho seco em todo o teatro”, concluiu o tenor.

Fonte: EFE- Paris

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