O enredo de ''Onde está a felicidade?'' não poderia ser menos almodovariano. A história é cheia de reviravoltas, choro, descontrole e, é claro, comédia. O casal Carlos Alberto Riccelli e Bruna Lombardi criou uma comédia romântica capaz de divertir públicos de todos os estilos. O resultado foi o prêmio de melhor filme no Festival de Paulínia esse ano pelo voto popular e uma promessa de grandes bilheterias.
Esta é a terceira vez que os dois trabalham juntos, repetindo a mesma dobradinha: Ricelli, como diretor, e Bruna, como roteirista e atriz. A primeira parceria foi no filme norte-americano “Stress, Orgasms and Salvation”, em 2005, lançado apenas nos Estados Unidos. Dois anos depois foi a vez do longa “O signo da Cidade”.
Onde está a felicidade? é uma obra divertida sobre uma mulher que perde tudo e resolve fazer o Caminho de Santiago de Compostela, em uma tentativa de se encontrar. O argumento já traz um humor irônico e despachado. Teodora, vivida na tela por Lombardi, é uma apresentadora de um programa de culinária afrodisíaca que está prestes a ser fechado porque a emissora foi comprada por uma igreja evangélica. Para completar, ela flagra seu marido tendo um caso virtual. Com a sensação de que o mundo acabou, Teodora embarca com seu amigo, e diretor do programa, para Espanha. E a sua viagem pelo caminho sagrado será bem diferente daquele feito pelos peregrinos tradicionais.
Em muitos momentos, a direção de arte do filme lembra as obras de Almodóvar, principalmente na fase inicial do diretor. As cores exageradamente vibrantes, as roupas, a estética quase brega, o tom irônico de uma mulher de salto alto, sombrinha e várias sacolas andando pelo caminho onde só passam peregrinos de tênis e mochila de acampamento, entre outros detalhes como o próprio cenário do programa “Receita do amor”. Mas, nem Bruna, nem Riccelli têm o humor ácido do diretor espanhol, buscando um caminho mais leve para sua própria história e estilo autoral. O que não é ruim. Apesar de óbvio em muitos momentos e de recursos clichês, O filme não apela para o vulgar, nem para o besteirol, mantendo um nível de diversão para todos os gostos.
Onde está a felicidade? é daqueles filmes simpáticos. Bem produzido, com um bom ritmo e divertido, nos faz esquecer os problemas por cento e dez minutos para embarcar nessa viagem junto a Teodora em busca de uma resposta que parece não existir, pelo menos não como uma fórmula pronta.
Fonte: Cine Pipoca Cult