
- O casal do filme, interpretado por Owen Wilson e Rachel McAdams. (Foto: Divulgação)
Equilíbrio de inocência e inteligência
Na busca pela inspiração para escrever um livro, o personagem de Wilson, apenas chamado de Gil, vaga pela Paris moderna em busca da Paris da década de 1920, infestada de intelectuais e modernistas. Infeliz no casamento com uma riquinha fútil (Rachel McAdams), que cai na conversa de qualquer pseudointelectual pedante (Michael Sheen, ótimo), Gil “encontra” uma realidade alternativa que o leva para o passado, para beber com Ernest Hemingway (Corey Stoll), ouvir Cole Porter (Yves Heck) em uma festinha particular, ouvir conselhos de Scott Fitzgerald, ser criticado por Gertrude Stein (Kathy Bates) e assim por diante. Apesar da aparição genial de Adrien Brody como Salvador Dali, o recurso quase se torna repetitivo – ainda mais por gerar gritinhos no cinema de quem acha incrível conhecer todos os nomes jogados na telona.
O truque, no entanto, não chega perto de estragar a graça de Meia-Noite em Paris. Primeiramente, e pensei que nunca seria capaz de escrever isso, por causa da atuação delicadíssima e contagiante de Wilson. O ator passa exatamente o equilíbrio de inocência e inteligência que Allen pede em suas comédias românticas mais alegres, e tem uma química brilhante com Marion Cotillard, uma francesa do século 20 que, ironicamente, sonha com um passado ainda mais distante para o escritor. E, no fim, Woody Allen passa uma lição sem impor regras ou cartilhas. É seu melhor filme desde Vicky Cristina Barcelona.
Veja o trailer do filme: