Um comentário sobre o Amor e a busca da plenitude, numa perspectiva pós-moderna, inspira o espetáculo Nega Lilu, baseado no livro Sem Palavras de Larissa Mundim e Valentina Prado. O duo de estilo contemporâneo é o trabalho inaugural da Nega Lilu Cia de Dança, que começa a temporada 2014 pela Cidade de Goiás, nos dias 25 e 26 de julho, às 20 horas, no Teatro São Joaquim. Entrada franca.
A primeira turnê do grupo, que tem a direção artística da bailarina e coreógrafa Valeska Gonçalves, programa oito apresentações em quatro cidades goianas, com o apoio institucional do Fundo Estadual de Arte e Cultura. Os municípios contemplados neste giro pelo Estado são Cidade de Goiás (25 e 26/07), Goiânia (02/08 e 8/11), Pirenópolis (23 e 24/08) e Anápolis (29 e 30/08).
O projeto também prevê a realização de workshops gratuitos de dança contemporânea, com Lunna Gomes, nova integrante do elenco, dividindo a cena com Flora Maria. Na Cidade de Goiás, com a parceria da Secretaria Municipal de Cultura, a bailarina que integrou o elenco de Thriller (Brasil), conduz oficina de 6 horas/aula, nos dias 25 e 26 de julho, no Atelier da Escola Letras de Alfenim. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected] .
No interior, após a primeira apresentação, a jornalista e escritora Larissa Mundim faz o lançamento do livro Sem Palavras, fonte de inspiração para a materialização das personagens Nega & Lilu na Dança. No segundo dia, a autora e o elenco se colocam à disposição do público, para um bate papo sobre a obra.
Concepção
Em Nega Lilu, Valeska Gonçalves propõe o registro de estados emocionais que rondam a breve história romântica de Nega e Lilu. A movimentação concebida pela coreógrafa valoriza as sutilezas concentradas em detalhes, a riqueza dos signos gravados no corpo (como lembranças ou tatuagens), mantendo contato com a narrativa do livro sem, necessariamente, cumprir o papel de contá-lo ou recontá-lo.
“Não trabalhamos definindo quem é a Nega e quem é Lilu na história, nosso desafio foi buscar aproximação do universo de sentimentos que atravessam um grande amor”, esclarece a coreógrafa. Em cena, o espetáculo traz contornos da individualidade do ser humano em relacionamentos a dois, a três e, como em todo envolvimento afetivo que tem momentos de distanciamento e de sintonia, Nega e Lilu na dança chegam a ocupar o mesmo corpo.
O processo criativo do espetáculo de 50 minutos foi trabalhodo de forma coletiva e a equipe buscou detalhes pessoais de Nega e Lilu, fazendo observação das sutilizas do comportamento das personagens de ficção. “Saber como elas se vestem e como se divertem, conhecer a forma como sentem o amor foi fundamental para trazer humanidade para o trabalho”, lembra a bailarina Flora Maria.
O desenho de luz, na concepção do reconhecido coreógrafo Henrique Rodovalho (Quasar Cia de Dança), dialoga de forma integrada com o cenário, tecendo sutis comentários. Recursos alternativos de iluminação de cena, com luminárias diversas, também criam ambiência narrativa. “Toda a concepção do espetáculo ganha um toque de intimidade”, diz Rodovalho.
O figurino concebido por Ana Christina da Rocha Lima tem cores sólidas que contrastam com a pele exposta. Determinante na construção do estado das personagens, contém elementos que remetem à doçura e à sedução presentes na estética pin up. “A provocação é sempre o texto”, reflete Ana Christina. O figurino veste também paixão incandescente e a dor lancinante da separação, com a elegância que é própria da história em sua origem.
Para definir a trilha sonora do espetáculo, Valeska Gonçalves teve como fonte inicial de pesquisa as canções que marcaram os momentos de intimidade de Nega e Lilu, apresentada ao leitor de Sem Palavras. No processo seletivo da montagem coreográfica, emergiram Orlando Silva, Benito de Paula, Mart’nália, entre outros, que se juntaram a Depeche Mode, Adam Hurts, The Puppini Sisters, apostando no ecletismo.