Livre para cantar Iron Maiden

• Paul Di´Anno

Velhos amigos são sempre bem vindos. Faz um ano que Paul Di´Anno esteve no Bolshoi pela última vez. Como nunca deixou de ser bem recebido e bem tratado pelo público de Goiânia, Brasília e cidades vizinhas, que se deslocam para ver e ouvir o primeiro vocalista do Iron Maiden, ele retribui a gentileza voltando sempre que pode e dando shows arrasadores com a banda Scelerata.

Os shows nada têm de inovadores, esta é a mais pura verdade. Vamos ser honestos. Paul Di´Anno vem ao Brasil – e vem a Goiânia com regularidade – para cantar as músicas que o consagraram no Iron Maiden. Ponto pacífico. E, no Iron Maiden, ele gravou apenas dois discos de estúdio, o primeirão e Killers, de 1980 e 1981, respectivamente. Maiden Japan, de 1981, é um EP ao vivo.

Em 1980, o Iron Maiden fazia parte da nova onda do heavy metal inglês. Uma onda que trouxe Saxon, Def Leppard, Venom e Samson (com Bruce Dickinson no vocal) até a praia. Paul era amigo do baixista Steve Harris e estava na banda desde 1976, quando o guitarrista era Tony Parsons e o baterista era Doug Sampson. Eles pastaram um bocado antes de lançar o tijolo de estreia.

O disco que mostra a cara do Eddie, caveira-mascote do Iron Maiden, na capa pela primeira vez arrebenta a vitrine com uma série de clássicos: Sanctuary, Prowler, Remember Tomorrow, Running Free, Phantom of the Opera, sem falar da faixa título. Entrada triunfal em campo. O vocal rouco, potente e berrado de Paul Di´Anno se destaca como seu visual desleixado, voltado para o punk.

Killers, que traz Eddie cometendo um assassinato na capa (detalhe, com uma machadinha), reúne elementos que levam o Iron Maiden ao estrelato, como o produtor Martin Birch e os guitarristas Dave Murray e Adrian Smith. Também é um disco cheio de destaques: Wrathchild, Purgatory, Prodigal Son, Murders in the Rue Morgue, a faixa título. Para o bem ou para o mal, é a saideira de Paul.

Substituído por desavenças com Steve Harris, ele segue carreira solo e monta várias bandas, como Battlezone, Gogmagog e Killers. Recentemente, teve problemas com o fisco na Inglaterra. Passou uns dias em cana e, para tirar sarro da situação, faz a turnê Running Free Again, com os gaúchos da Scelerata: Fábio Juan (vocal), Magnus Wichmann (guitarra), Renato Osório (guitarra), Gustavo Strapazon (baixo) e Francis Cassol (bateria).