Jornalista literária publica biografia do pai

É possível a uma pessoa pouco conhecida escrever e publicar a sua biografia. Com base na afirmação de que toda boa história de vida merece ser contada, a jornalista Polliana Ribeiro lança neste sábado, 2 de agosto, “Mozart – De Carijó a Davi”. A obra, apresentada em 2006 como trabalho de final da especialização em Jornalismo Literário, narra a trajetória de Mozart Ribeiro de Sousa, 59, pai da autora.

A motivação para publicar partiu do orientador do trabalho acadêmico, aprovado com nota máxima. Jornalista, professor e membro-fundador da Academia Brasileira de Jornalismo Literário (ABJL), Edvaldo Pereira Lima recomendou que o texto fosse transformado em livro, mesmo que, de início, fosse direcionado somente a amigos e familiares. “Comentei com meu pai e ele ficou muito interessado na idéia”, conta Polliana.

A jornalista não esbarrou em grandes dificuldades para compor a obra. Como filha de um típico interiorano saudoso, ela cresceu ouvindo o pai contar “com tanto prazer e detalhes” sobre a infância, a juventude e a maturidade. Para arrematar o texto, recorreu às entrevistas com parentes, álbuns de fotografias da família, visitas aos lugares onde Mozart nasceu e cresceu e as cartas românticas que trocava com Irani Lemos de Sousa, 53, com quem se casou. “Minha mãe tem todas as correspondências guardadas e a inserção de algumas no livro deu um toque especial”, relata.

A vida do biografado é marcada por um forte senso de determinação e superação. Do nascimento em Fazenda do Borrachudo, em Minas Gerais, passando pela criação matuta na zona rural mineira, até chegar à Gerência de Recursos Humanos do Grupo Mabel, cargo que ocupa atualmente. “Um menino que ficou assustado com o vaso sanitário, um jovem que se encantou com o descobrimento do asfalto, que fingiu esnobar um aparelho de televisão e que jurou ter passado experiências inexistentes para conseguir um emprego”.

O título do livro foi escolhido para expor duas fases extremas: o início e a época atual. Polliana Ribeiro conta que “carijó” é referência ao garoto magrelo, branco e sardento, como Mozart era na infância. “Davi” é o nome do primeiro neto, que nasceu há um ano e meio, quando o texto foi finalizado. “A obra é a história de 59 anos, muitas travessuras, muitas namoradas, muitas perdas, momentos de alegria, de descobrimento, de tristeza, de incerteza e de mudanças”, define a autora.

Questionada se acredita que relatos biográficos de anônimos chamariam a atenção, Polliana tem resposta rápida e segura. “Biografias de personagens comuns podem não despertar interesse público tão rápido, como a de um artista de cinema, mas se a história estiver bem contada, um leitor vai passando para outro e logo se espalha”, complementa.

Apesar de ser editado para familiares e conhecidos de Mozart, o público alvo do livro é amplo. A obra de jornalismo literário atinge também o interesse de biógrafos, jornalistas, literatos e, claro, pessoas interessadas em ter a biografia escrita e publicada. “Todo mundo passa por momentos em que exclama que a vida daria um livro ou um filme’”, arremata.

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