O Grupo Teatro Ritual apresenta a trilogia completa de dança Butoh, Travessia, nos dias 10, 11 e 12 de setembro, no Teatro da PUC-GO, em Goiânia. Na curta temporada da turnê que segue para Belo Horizonte, Cuiabá, São Paulo e Curitiba, o público goiano verá pela primeira vez, no domingo, a terceira parte do trabalho: Êxodo, que estréia com a direção do argentino Gustavo Collini. Na sexta, o grupo reapresenta A Partida e no sábado, De tão longe venho vindo.
A pesquisa que resultou na montagem da trilogia se iniciou em 2005, culminando com intercâmbio cultural nos Estados Unidos e no Japão para aprofundamento dos estudos em dança Butoh. A imersão do grupo no estilo de dança mundialmente difundido por Kazuo Ono (falecido em junho de 2010), também levou os integrantes do Teatro Ritual a manter contato na Alemanha com Tadashi Endo, um dos maiores mestres do Butoh-MA, que orientou a criação da parte dois da trilogia.
Para Nando Rocha e Pablo Angelino, responsáveis pela criação e atuação no projeto Travessia, Êxodo surge em processo avançado de amadurecimento, considerando que o desafio inicial consistia em desvendar as fronteiras entre variáveis presentes na concepção do espetáculo como texto e palavra, gestual e postural, conteúdo e imagem, representar e interpretar.
Sob a direção de Gustavo Collini, a parte três de Travessia traz ao palco o encontro entre duas crianças que perderam o navio. Os dois meninos estão no mesmo barco, rumando para o desconhecido. Eles deixam para trás a memória, a experiência vivida e têm pela frente o novo, o estranho, o oriente.
Durante a travessia, cada personagem vivencia um reencontro mítico consigo mesmo, que traz a percepção de que naquela jornada ‒ e para o resto da vida ‒ eles só levam seus corpos, única morada verdadeira, lugar onde ficarão registrados os rastros por onde passarem e onde já estão impressas as reminiscências da memória ancestral. Estamos em constante travessia, arremata Gustavo Collini.
Segundo o diretor, que permanece em Goiânia até o dia 15 de setembro, uma atuação de Butoh encontra sua essência quando o que o público vê é um mundo não materializado, que permite ao espectador observar algo latente para além da simples movimentação de um corpo. Com a presença de Collini, nos próximos dez dias, o Grupo Teatro Ritual faz os arremates para a estréia da montagem que também conta com orientação da criação artística e treinamento em Butoh de Yoshito Ohno e Natsu Nakagima (Japão) e Joan Lagge (EUA).
O desenho de luz de Êxodo tem concepção de Rosevelt Saavedra e Nando Rocha, com figurino de Solange e Ana Maria Mendonça. A dupla de atores, Nando Rocha e Pablo Angelino também cuida do cenário e ambientação da obra.
Parte I
Com direção de Alexandre Nunes, a primeira parte da trilogia, A Partida, evoca os ecos da ancestralidade durante a jornada de dois cavaleiros errantes. A travessia começa com a partida, descrevem os atores Nando Rocha e Pablo Angelino. No palco, os intérpretes-criadores encenam transformações ocorridas na viagem, experiências, sensações, sentimentos em um espetáculo que mistura técnicas distintas inspiradas no Butoh na busca de atmosfera lírica, convidativa para um mergulho no estado de passagem.
Parte II
De tão longe venho vindo é a segunda parte da Travessia, que conta com Tadashi Endo na orientação da criação artística e no treinamento em Butoh. O conceito do espetáculo foi concebido em trânsito pela Itália, Portugal, Espanha e Alemanha, onde os atores passaram 30 dias trabalhando com o mestre do Butoh-MA. A proposta era conceber o espetáculo enquanto os corpos estavam num estado de passagem, de transformação, de superação, conta o grupo. Além do trabalho corporal com Tadashi Endo, a obra encontrou pesquisa nas artes visuais e nos vídeos de Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno.
Serviço:
Espetáculo Travessia Grupo Teatro Ritual Parte I: A Partida 10/set 21 horasParte II: De tão longe venho vindo 11/set 21h Parte III – Êxodo 12/set 20 horas Ingresso: R$20 (inteira) e R$10 (meia). Passaporte para as três apresentações: R$15,00.
Recomendável para maiores de 14 anos.
