Emocionada, Linda entrega pronto o Teatro Inacabado

Antes da entrevista coletiva, na manhã de hoje, Linda Monteiro, presidenta da Agência Goiana de Cultura (Agepel), percorreu as dependências do Teatro Inacabado, apresentando o prédio à Imprensa, completamente restaurado.

Com visível emoção, a presidenta da Agepel disse que o ato de entrega (na noite desta segunda-feira, 22 de março) do Teatro Inacabado, é uma resposta não apenas para a área teatral, mas para todos os setores da cultura e para a população de Goiás como um todo. “Nunca um governo fez tanto para a cultura como este. Mantivemos todos os programas e melhoramos tudo, com obras de recuperação dos espaços culturais. Em relação ao Inacabado, estamos entregando um teatro completo”, garantiu.

Hamilton José Amorim Resende, diretor executivo da Fundação Otavinho Arantes, mantenedora do Teatro Inacabado, entende que a Agepel e o Governo do Estado não estão recuperando apenas um espaço físico, “mas significa trazer para a cena a história do teatro em Goiás, o resgate de um patrimônio imaterial e da memória de Otavinho Arantes, portanto uma atitude com uma dimensão histórica”, refletiu.

Resende traçou alguns planos para a nova trajetória do teatro, como a discussão com artistas e instituições culturais dos próximos passos. Revelou que a Fundação Otavinho Arantes pretende vender os serviços, peças e eventos do teatro para a manutenção do mesmo, entre outros planos.

Sobre dificuldades possíveis, como a segurança e a presença de pichadores, o diretor afirmou que a segurança será feita pela própria gestão. Disse já haver mantido contato com a direção da Guarda Municipal, que se manifestou favorável em firmar convênio para resolver o problema. Quanto aos pichadores, “vamos buscar envolvê-los em projetos, trazendo-os para dentro do teatro”, esclareceu.

Resende, que atua em projetos sociais, disse que levará alguns desses programas para o teatro, como programas com jovens em situação de rua e sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Ele anunciou, para o sábado, 27 de março, às 10 horas, apresentação do projeto “Juventude em Cena”, em comemoração ao Dia Internacional do Teatro.

Inacabado no tempo – O Teatro Inacabado descreve uma trajetória de altos e baixos, desde que surgiu, em 1959. Em um terreno doado por Colemar Natal e Silva, fundador da UFG, o teatrólogo Otavinho Arantes construía o teatro, com o apoio de outros jovens idealistas e apaixonados pelas artes cênicas, com quem criou a Associação Goiana de Teatro. O projeto era dos arquitetos Walter Guerra e Lindolfo Nunes da Rocha.

Mesmo sem estar concluído, o teatro é aberto ao público, em 1963, com a apresentação da peça O Pagador de Promessas, de Dias Gomes e a exibição de uma exposição de Frei Nazareno Confaloni.

As dificuldades do Inacabado se acentuaram, em 1967, quando o prédio foi consumido por um incêndio. Reconstruído, porém, dois anos depois, o teatro passaria a viver sua “época de ouro”. Em 1969, recuperado, reabre em grande estilo com a peça O Avarento, de Molière, com Procópio Ferreira. Passa a receber no palco figuras renomadas das artes cênicas, como: Zienbinski, Paschoal Carlos Magno, Walmor Chagas, Aracy Balabanian, Lucélia Santos, Cláudio Marzo e Rosamaria Murtinho, entre outros.

A decadência do prédio recomeça em 1991, com a morte de Otavinho Arantes. Depois de ser ocupado por moradores de rua, novamente é tomado por novo incêndio e continua em completo abandono, apesar do protesto de artistas, em 1997. No ano seguinte, a Fundação Otavinho Arantes é instituída e, a partir de 2001, passa a desenvolver no Inacabado projetos sociais com crianças e adolescentes em situação de rua. Mesmo com a falta de estrutura, o teatro abriga, em 2002, a mostra “Goiânia in Cena”.

O Governo de Goiás, em 2009, autoriza a presidente da Agepel, Linda Monteiro a realizar a completa reforma do espaço teatral, reforma esta que foi finalmente concluída. O teatro será entregue ao público com a adaptação do palco, colocação de poltronas (antes inexistentes), reforma dos camarins, pintura interna e externa de todo o edifício, reparos na estrutura e substituição total das redes elétrica e hidráulica. O Inacabado é reinaugurado na noite desta segunda-feira, 22 de março de 2010, com a apresentação da pela Balada de um Palhaço, de Plínio Marcos, encenada pelo grupo Artes & Fatos (PUC-GO), sob a direção de Danilo Alencar.

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