DIA DO CINEMA GOIANO

No último dia 13 de maio comemorou-se a exibição da primeira sessão de cinema no Estado, realizada na antiga Vila Boa. Eternizando a data, o deputado estadual Mauro Rubem (PT) propôs, através de projetos de lei, já em fase de aprovação, a instituição do Dia do Cinema Goiano. Na Cidade de Goiás, a Câmara Municipal também realizou uma solenidade de comemoração dos 100 anos de fundação do primeiro cinema no Estado, sediado na antiga Vila Boa, instituindo o dia 13 de maio como Dia do Cinema Vilaboense. Na oportunidade, foi fundado o Cineclube 13 de maio.

Como parte da comemoração da data no Estado, vários cineastas sediados em Goiás foram homenageados na sessão ordinária da Assembleia Legislativa, em Goiânia, no Palácio Alfredo Nasser. Entre eles, Ângelo Lima, Beto Leão, Lázaro Ribeiro, Lázaro Neves – todos eles membros da ABD-GO. Além do jornalista e pesquisador de cinema Marco Antônio Veiga.
Há cem anos, na cidade de Goiás, antiga capital, foi realizada a primeira sessão de cinema do Estado. A sessão, marcada para as 20 horas, foi realizada no Theatro São Joaquim, então localizado no Beco da Lapa. Nos convites espalhados pela cidade, a Empresa Recreio Goyano convidava o público a assistir “comédias, dramáticas e phantasticas”, como dizia o cartaz no saguão do teatro.
O São Joaquim, que depois do Beco da Lapa foi transferido para o Largo Chafariz, só foi ganhar acompanhamento musical a partir de 1914. “A cidade de Goiás tinha uma vida cultural rica, nas artes plásticas, na música, na literatura e o cinema, quando chegou aqui, foi bem recebido. Apesar de estar longe dos grandes centros culturais, as pessoas acompanhavam o que acontecia lá fora. Tanto que o nosso primeiro cinema foi inaugurado já em 1909, apenas 14 anos depois da exibição oficial dos Irmãos Lumière”, destaca Marco Antônio Veiga, ex-secretário de Cultura da cidade de Goiás.
No 1º Fica, em 1999, ele organizou uma exposição sobre a história do cinema goiano, com fotografias, panfletos e recortes de jornais da primeira metade do século passado. “Nos primeiros anos, o cinema era um entretenimento basicamente de elite em Vila Boa, as pessoas usavam roupas e acessórios importados. Mesmo tendo aspectos precários como o fato de a tela ter de ser molhada frequentemente para ganhar brilho”, conta Marco Antônio. Em geral, destaca, a maioria dos filmes eram europeus ou americanos e de curta duração.

Depósito de arroz

Depois de vários décadas, o Cine Teatro São Joaquim, que passou a ser chamado de Cine Anhanguera, não resistiu à concorrência com a TV e o videocassete, até se tornar um depósito de arroz nos anos 1980. “O lugar foi reaberto como Cineteatro São Joaquim no início dos anos 1990, funcionando como espaço para apresentações culturais e, raramente, para cinema”, recorda Marco Antônio.
O advento do Fica, reforça, não garantiu à cidade um cinema em funcionamento em tempo integral. “Imagine, uma cidade ter um festival internacional e não ter uma programação fixa. A proposição do Dia do Cinema Vilaboense, esperamos, vai contribuir para mudar este quadro, já que todo ano, nesta data, o poder público terá de promover algum evento relacionado ao cinema”, acredita.

O pesquisador Beto Leão lembra que, após o São Joaquim, a antiga capital recebeu outros cinemas, como o Cinema Iris, em 1919, e o Cinema Ideal, de 1927. Embora naquele ano tenha sido lançado o sistema de cinema falado, a novidade só chegou em Goiás em 1936, em Goiânia, com o Cinema Popular, o primeiro da nova capital, na Rua 24, três anos depois do lançamento da pedra fundamental por Pedro Ludovico e um ano antes da mudança definitiva da capital.

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