Segundo a associação Brasileira de Avaliação da Saúde Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO), no Brasil cerca de 10 milhões de pessoas convivem com a osteoporose, sendo considerada um problema de saúde pública. A doença caracteriza-se pela perda de massa óssea e pela deterioração da microarquitetura do tecido, que leva à fragilidade do osso e acarreta um aumento do risco de fraturas em duas a quatro vezes mais. Na maioria dos casos, a osteoporose é uma condição relacionada ao envelhecimento. Ela pode manifestar-se em ambos os sexos, mas atinge especialmente as mulheres depois da menopausa por causa da queda na produção do hormônio estrógeno.
De acordo com o médico ortopedista Paulo Corá, que tem estudo avançado e é pós-graduado em dor, com certificação pela Associação Médica Brasileira (AMB), assim como membro da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), a palavra osteoporose surgiu do estudo histológico de um osso osteoporótico por Jean Georges Chretien Frederic Martin Lobstein, patologista francês, em 1830. Em 1904, Albers-Schönberg a descreveu como anomalia da síntese de anidrase carbônica com alteração da atividade de osteoclastos. Popularizou-se entre os ortopedistas como um sinal radiológico, que significava rarefação óssea, em fraturas causadas por traumas de baixa energia.
O aumento da população idosa, assim como os hábitos pouco saudáveis das crianças e adolescentes, são alguns fatores que estão levando ao aumento da incidência de osteoporose e fraturas osteoporóricas. “São múltiplas as causas para o aparecimento e/ou desenvolvimento da osteoporose. Chamamos de osteoporose primária quando as causas são naturais (menopausa e senilidade). Falamos em osteoporose secundária quando há uma causa primária (certos medicamentos, outras doenças, sedentarismo etc.). Quando as causas são desconhecidas chamamos de osteoporose idiopática”, explica o médico.
“Osteoporose é uma doença que acomete três para cada dez pessoas após os 60 anos de idade, sendo os fatores de risco para o desenvolvimento da osteoporose o gênero feminino, as etnias amarela e branca, a idade mais avançada, a precocidade do início da menopausa, a hereditariedade (presença de osteoporose ou de fratura osteoporótica entre os ancestrais e os colaterais), história pregressa de fraturas osteoporóticas, erros nutricionais, maus hábitos (ingestão exagerada de café, álcool, tabaco), sedentarismo, certas medicações (glicocorticoides, anticonvulsivantes) e doenças como a artrite reumatoide e quase todas as doenças inflamatórias sistêmicas”, continua Paulo.
O ortopedista ressalta que a osteoporose não tem sinais clínicos específicos e pode causar dores que chegam a passar despercebida por serem de leve intensidade em sua fase inicial, evoluindo com dores ósseas difusas e em áreas específicas como o caso da síndrome ílio-costal. “Pelo osso ficar mais frágil, há aumento de ocorrência de fraturas e quando essas estão associadas ao quadro clínico do paciente as dores tornam-se limitantes além de ocasionarem perda da qualidade de vida, autonomia além de aumentar o risco de morte. Fraturas osteoporóticas do quadril matam mais que câncer de mama e o infarto”, revela.
“Ocorre uma nova fratura osteoporótica a cada três segundos no mundo e uma vertebral a cada 22 segundos, sendo o índice de re-fratura de 20% dentro de um ano após a primeira fratura”, diz Paulo. E segue alertando que as fraturas osteoporóticas ocorrem rotineiramente por trauma de baixa energia em locais característicos, como punho, coluna, quadril, úmero proximal ou costela. A fim de evitar as sequelas e riscos de morbimortalidade causados por essas fraturas, o exame de densitometria óssea é de grande valia para o diagnóstico precoce e evitar a ocorrência da primeira fratura assim como seguimento para o tratamento da osteoporose.
Prevenção e tratamento
É possível prevenir esse tipo de doença com a prática do estilo de vida saudável. “Pratique exercícios regularmente, pois ao fortalecer os músculos, a atividade física estimula também os ossos a se tornarem mais fortes”, aconselha o médico. Outra medida importante é ter uma dieta nutritiva rica em cálcio, proteínas, vitamina D e outros nutrientes importantes. Além de evitar hábitos nocivos para a saúde como fumar, tomar bebidas alcoólicas em excesso, má nutrição ou distúrbios alimentares e sedentarismo. “O ganho de massa óssea acontece na juventude e os exercícios físicos nesta fase da vida ajudam a mantê-la até os 45 anos. Após 50 anos, há uma diminuição desse componente no corpo, mas com um bom condicionamento físico, a perda não é tão significativa”, esclarece o especialista.