No mês dedicado às mulheres, a atenção para a saúde feminina se torna ainda mais relevante. Entre as condições pouco conhecidas que afetam esse público, o lipedema merece destaque. Trata-se de uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura, especialmente nas pernas, coxas, quadris e, em alguns casos, nos braços. O problema é frequentemente confundido com obesidade ou celulite, o que pode atrasar o diagnóstico e dificultar o acesso ao tratamento adequado.
Segundo o Instituto Lipedema Brasil, a doença afeta 10% da população feminina mundial, o que equivale a mais de 5 milhões de mulheres apenas no Brasil. O diagnóstico é clínico e requer a avaliação de um especialista, já que os principais sintomas incluem dor, sensação de peso nas pernas, hematomas frequentes e, em estágios avançados, dificuldades de mobilidade.
A dermatologista Silvana Osório, especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que a doença está possivelmente ligada a fatores hormonais, genéticos e hereditários, embora a causa exata ainda não seja totalmente compreendida. “O processo inflamatório das células de gordura no lipedema é mais intenso do que na obesidade comum e, muitas vezes, há alterações vasculares associadas, como vasinhos e varizes”, explica a médica.
Embora o lipedema não tenha cura, diversas abordagens ajudam a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pacientes. Entre os tratamentos disponíveis, estão o uso de malhas compressivas, atividades físicas de baixo impacto, como hidroginástica e pilates, drenagem linfática e dietas anti-inflamatórias. Na clínica da Dra. Silvana, uma tecnologia que combina vácuo e infravermelho vem sendo utilizada para estimular a circulação e reduzir o desconforto. Em alguns casos, a lipoaspiração pode ser indicada para remoção da gordura acumulada de forma desproporcional.
A alimentação também desempenha um papel essencial no manejo da doença. “Alimentos ricos em ômega-3, como peixes, e aqueles com propriedades antioxidantes, como frutas vermelhas e verduras de folhas escuras, ajudam a reduzir o processo inflamatório”, destaca a especialista.
Além dos impactos físicos, o lipedema pode afetar a autoestima e a saúde mental das pacientes. “A falta de informação e a confusão com outras condições levam muitas mulheres a sofrerem em silêncio. Por isso, é fundamental ampliar o debate e oferecer suporte adequado”, enfatiza Silvana Osório. A médica, que também é portadora da doença, busca atualização constante sobre novas terapias e compartilha sua experiência para ajudar outras mulheres a lidarem com a condição.
