Apesar de estranha, a reclamação de dor nos cabelos é comum nos consultórios médicos. “O nome médico para o problema é a Tricodínia. O paciente sente uma sensação desconfortável e isso precisa ser avaliado, pois pode preceder quadros intensos de queda de cabelo, como a doença autoimune Alopecia Cicatricial. Na literatura científica, 1/3 das mulheres com alopecia difusa reclamavam desse fenômeno de dor no couro cabeludo”, afirma o Dr. Lucas Fustinoni, médico tricologista, referência internacional em Tricologia e membro da World Trichology Society e da European Hair Research Society.
Segundo o especialista, a causa da Tricodínia ainda é desconhecida, mas alguns trabalhos sugerem que há uma origem multifatorial. “A atividade de neuropeptídios ao redor dos folículos pode ser responsável pela dor, que pode evoluir para uma sensação de ardência e vermelhidão, até a posterior perda dos cabelos”, afirma o Dr. Lucas. Também existem outras causas para o problema. “Temos quadros de ansiedade generalizada ou distúrbios psiquiátricos e o aumento da substância P, produzida no SNC (Sistema Nervoso Central) e relacionada aos mecanismos de dor; e hoje questiona-se se a rosácea em couro cabeludo não ocasionaria o quadro. Outros estados inflamatórios do couro cabeludo também estão relacionados, como a psoríase e dermatites. Diante de uma queixa tão complexa, a avaliação com especialista é fundamental”, diz o tricologista.
Segundo o especialista, o uso frequente de penteados como rabos de cavalos, tranças e até mesmo coques para dormir também podem contribuir para a piora da dor. “Quando usamos penteados que tracionam a raiz dos cabelos o resultado é uma inflamação ao redor dos pelos que, se for crônica, pode resultar em casos de alopecia definitiva. O mesmo ocorre com o uso de apliques muito apertados”, destaca. Nesses casos, é possível prevenir o problema através de cuidados básicos, como evitar usar elásticos para prender os cabelos, optando por penteados mais soltos, evitar o uso de apliques por mais que três meses consecutivos e sempre realizar o procedimento com mechas finas e manutenção frequente.
De acordo com o médico, estados inflamatórios do couro cabeludo, como a dermatite seborreica, podem agravar ainda mais o problema e o excesso de oleosidade deve ser combatido. “É interessante procurar um médico e relatar o problema para o melhor diagnóstico. Incômodo algum no cabelo é normal”, diz o especialista. “Falando em inflamação, produtos químicos e até secar os cabelos com secador são hábitos que podem levar a uma inflamação da pele ao redor dos fios”, diz o médico.
Felizmente o problema tem tratamento, que geralmente é feito com aplicação tópica de substâncias não alcóolicas para evitar o risco de reações alérgicas. “Quando o problema é associado a outras doenças, é necessário tratar as causas. O tratamento é fundamental para evitar consequências mais drásticas da doença, como a perda de cabelos. O melhor meio é buscar ajuda médica de um tricologista”, finaliza o Dr. Lucas.
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