Diagnóstico precoce é a chave para a cura do câncer de colo de útero

Prevenção é a melhor forma de evitar este tipo câncer; exames periódicos podem identificar a doença precocemente

O câncer de colo de útero é o terceiro tipo de tumor (com exceção de câncer de pele não melanoma) mais comum entre as mulheres no Brasil. O principal fator de risco para desenvolvimento da doença é a infecção pelo HPV (papilomavírus humano), principalmente dos tipos 16 e 18, para os quais há vacina na rede pública. Este tipo de doença se origina, na maioria dos casos, de uma infecção genital persistente causada por alguns tipos do HPV que, em alguns casos, pode evoluir para o câncer.

Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam que 75% das mulheres sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida e cerca de 5% delas vão desenvolver o tumor maligno em um prazo de dois a dez anos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), para 2023 foram estimados 17.010 casos novos, o que representa um risco considerado de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres.

câncer de colo de útero
Foto: National Câncer Institute/Unsplash

A vacina é uma das principais formas de prevenção da doença e está disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo destinada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A cobertura da vacina também abrange mulheres que convivem com HIV, transplantadas renais e pacientes oncológicos de 15 a 45 anos. Sua eficácia chega a prevenir até 70% dos cânceres de colo de útero e 90% das verrugas genitais. Segundo dados do MS, em 2022, entre as meninas, a cobertura vacinal contra o HPV alcançou 77,37% na primeira dose, e 58,29%, na segunda dose. Entre os meninos, 56,76% receberam a primeira dose, e só 38,39%, a segunda.

No entanto, de acordo com a médica ginecologista oncológica, Nayara Portilho Araújo, da equipe do Centro de Oncologia IHG, apesar da eficácia da vacina, é baixa a adesão às campanhas. Constatou-se, no ano de 2022, queda na proteção do público-alvo.

Sintomas e prevenção

“Por ser considerado um tumor silencioso, muitas vezes os sinais e sintomas só surgem em cenário de doença avançada. Além de não existirem sintomas precisos em relação à doença já que alguns sinais também estão relacionados a outras doenças ginecológicas”, afirma Nayara Portilho. Embora essa estatística seja assustadora, é um tipo de câncer que pode ser evitado.

A médica destaca que certos indícios devem trazer um estado de alerta e podem ser sinais da doença. Entre eles estão sangramento vaginal irregular, especialmente após as relações sexuais; corrimento persistente; dor abdominal constante; dor contínua nas pernas, quadris ou costas; rápida perda de peso; cansaço excessivo e inchaço nas pernas.

A especialista neste tipo de câncer recomenda que, ao perceber os sintomas, a paciente deve procurar imediatamente o ginecologista. “A infecção pode ser descoberta facilmente por meio do exame, e é curável na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica do exame preventivo”, adverte.

Quanto à prevenção, a médica ressalta que é necessário o uso de preservativos nas relações sexuais, vacinação e consultas periódicas. “Os cuidados devem ser seguidos durante o decorrer do ano inteiro”, assegura Nayara Portilho, apontando que é importante realizar o exame de Papanicolau, já que nele é possível descobrir lesões que podem levar ao desenvolvimento da doença.

Tratamento

Atualmente existem meios para tratar pacientes que apresentam o câncer de colo de útero, como a quimioterapia, radioterapia e procedimento cirúrgico. “Os tratamentos medicamentosos, como a imunoterapia, são alternativas inovadoras que auxiliam no combate ao câncer. O desafio está em reduzir a mortalidade e promover qualidade de vida para as pacientes”, assegura o médico oncologista Gabriel Felipe Santiago, também do Centro de Oncologia IHG.

Nos últimos anos, segundo Gabriel Santiago, houve progressos importantes em cirurgia, com um número crescente de mulheres que, mesmo com tumores mais avançados, podem ser operadas com chance de cura. Há também evolução em cirurgias minimamente invasivas, melhor classificação de cada subtipo da doença, descoberta de marcadores que predizem resultado ao tratamento e outros avanços que propiciam a medicina de precisão e melhor qualidade de vida da mulher em tratamento, como, por exemplo, técnicas de preservação de fertilidade.

Médica ginecologista oncológica Nayara Portilho

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