Esse diagnóstico tardio pode ser uma das explicações para, em geral, eles apresentarem menor taxa de sobrevida global, se comparados às mulheres que tratam a doença. “Devemos falar sobre o assunto para conscientizar as pessoas de que a Campanha Outubro Rosa não é apenas para as mulheres. Elas são, sim, o maior público atendido em consultórios do mundo inteiro, mas o sexo masculino também deve ficar atento à saúde das mamas, para procurar auxílio médico no menor sinal de alteração”, explica o oncologista do serviço de oncologia mamária do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH), Leandro Gonçalves.
Frank Braga, mastologista do INGOH e atual presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Goiás, ressalta que os exames de imagem são fundamentais para diagnosticar lesões iniciais da doença. “É essencial fazer o autoexame das mamas, independente do sexo, mas devemos estar atentos que essa avaliação física detecta apenas aquelas lesões maiores, que já são palpáveis. As imagens, ao contrário, conseguem identificar lesões ainda em estágios iniciais. O que colabora muito para o tratamento”, observa.
Apesar da importância dos exames de imagem para homens, não existem diretrizes de rastreamento com mamografia para eles. Os médicos ressaltam que as lesões menores proporcionam procedimentos cirúrgicos menos invasivos e tratamentos quimio e radioterápicos menos agressivos. Por isso, a Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Goiás trabalha o tema Quanto Antes Melhor, para a Campanha Outubro Rosa de 2020.
Estudos científicos
Embora o câncer de mama em homens corresponda a 1% dos diagnósticos totais dessa patologia, estudo divulgado no The New England Journal of Medicine, uma das principais publicações da área médica, revela que a incidência tem aumentado ao longo dos anos. O periódico apresentou que a taxa de manifestação de câncer de mama saltou de 0,85 casos por 100 mil homens, em 1975, para 1,43 casos por 100 mil, em 2011. Números esses que, de acordo com pesquisas científicas, revelam que a doença está relacionada à idade, fatores ambientais, hormonais e mutações genéticas, principalmente nos genes BRCA 1 e BRCA 2.
O câncer de mama em homens é uma doença rara, que ainda merece bastante atenção da comunidade científica. Apesar disso, nas últimas décadas, estudos com foco em obter melhor compreensão física e biológica da doença no sexo masculino têm sido desenvolvidos e, assim, tratamentos mais eficazes e resultados mais promissores estão sendo disponibilizados para a população.