Nesta quarta-feira (11), é comemorado o Dia do Cerrado. A data foi criada em 2003 para incentivar a conscientização e a preservação do bioma, que é considerado a savana mais biodiversa do mundo. Com o crescimento do desmatamento da região e o aumento dos níveis de queimada – destinado, sobretudo, à agropecuária e atividades ilegais, o Cerrado vem sofrendo com a degradação humana.
Segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a maior savana tropical do mundo registrou 54.268 focos de fogo este ano – um a cada 6 minutos. Já o desmatamento no Cerrado, entre agosto de 2023 a julho de 2024, pôs abaixo uma área equivalente a quatro cidades de São Paulo. O bioma perdeu cerca de 7.015 km² de sua vegetação nativa, um aumento de 9% em relação aos 12 meses anteriores.
“Com a chegada da temporada de seca, que vai de maio a outubro, a preocupação com o alastramento do fogo no segundo maior bioma do País é novamente reacendida, pois os focos de incêndio podem colocar em risco a biodiversidade local, trazendo insegurança a comunidades e causando prejuízos materiais”, salienta Vininha F. Carvalho, ambientalista e editora da Revista Ecotour News & Negócios.
Mesmo com as ameaças de devastação, o bioma abriga uma grande biodiversidade de animais e plantas, sendo fundamental na manutenção climática do país. O Cerrado possui cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados no Brasil, Paraguai e Bolívia. Por ser um platô com solos profundos, o bioma alimenta oito das 12 principais bacias hidrográficas do país, irrigando 40% do território nacional.
Leide Takahashi, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), destaca que o Cerrado é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta. Apenas entre os vertebrados, há mais de 800 espécies de aves e 1.200 peixes e mais de 7 mil espécies de plantas vasculares, das quais 45% são endêmicas. Além disso, o bioma é fundamental para a manutenção do equilíbrio hidrológico do país.
“Apesar do clima semiárido e ambiente com períodos de deficiência hídrica, as águas das chuvas penetram no solo e abastecem aquíferos e nascentes. Em função disso, a savana brasileira é considerada a caixa d’água do continente por concentrar as principais nascentes e parte dos afluentes mais importantes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazonas, São Francisco e Paraguai)”, salienta a especialista.