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O cineasta, diretor e escritor Cacá Diegues faleceu nesta sexta-feira (14), aos 84 anos, devido a complicações de uma cirurgia na próstata. Um dos nomes centrais do Cinema Novo, movimento que transformou a produção cinematográfica nacional, Diegues era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e assinava uma coluna dominical no Segundo Caderno do jornal O Globo.
Em nota, a ABL lamentou a morte do cineasta e destacou sua contribuição para a cultura brasileira. “Sua obra equilibrou popularidade e profundidade artística ao abordar temas sociais e culturais com sensibilidade. Durante a ditadura militar, viveu no exílio, mas se manteve sempre ativo no debate sobre política, cultura e cinema”, destacou a entidade.
Diegues nasceu em 19 de maio de 1940, em Maceió (AL), e mudou-se para o Rio de Janeiro na infância. Durante a juventude, envolveu-se com o movimento estudantil e fundou um cineclube na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde iniciou sua trajetória no cinema ao lado de colegas como Arnaldo Jabor. O cineclube tornou-se um dos espaços de formação do Cinema Novo, influenciado pelo neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa.
Produção cinematográfica
Seu primeiro longa-metragem solo, Ganga Zumba (1963), foi pioneiro ao trazer protagonistas negros para o cinema nacional. Entre suas principais obras estão A Grande Cidade (1966), Os Herdeiros (1969), Xica da Silva (1976) e Bye Bye Brasil (1980), filme que marcou a cinematografia brasileira ao retratar as transformações do país sob a perspectiva de artistas itinerantes.
Durante a ditadura militar, Diegues deixou o Brasil e viveu na Europa, retornando na década de 1970 para dar continuidade à sua produção cinematográfica. Nos anos 1990 e 2000, acompanhou a retomada do cinema nacional com filmes como Tieta do Agreste (1996), Orfeu (1999) e Deus é Brasileiro (2002). Seu último longa-metragem como diretor foi O Grande Circo Místico (2018).
Ao longo da carreira, Cacá Diegues foi premiado em diversos festivais nacionais e internacionais. Em 2018, foi eleito para a ABL, ocupando a cadeira que pertencia ao também cineasta Nelson Pereira dos Santos.
Ainda não há informações sobre velório e enterro.