Alta do peso argentino impulsiona turismo de compras no Brasil; entenda

Diferença cambial torna produtos até 60% mais baratos, beneficiando o varejo nacional
Alta do peso argentino
(Foto: Erik Mclean/Unsplash)

A valorização do peso argentino frente ao real tem levado um número crescente de turistas do país vizinho ao Brasil, especialmente à região Sul, onde o fluxo aumentou 33% no último trimestre de 2024. De acordo com a XP Investimentos, a moeda argentina registrou uma alta de 150% em relação ao real desde o final de 2023, permitindo que visitantes encontrem produtos até 60% mais baratos no Brasil do que na Argentina. Esse movimento tem beneficiado setores como o varejo e o turismo, que observam um aumento na demanda impulsionado pelo poder de compra dos argentinos.

Os principais atrativos são roupas e bens duráveis, que, segundo a XP, estão entre 50% e 60% mais baratos no Brasil quando comparados aos preços na Argentina, considerando a taxa de câmbio atual. Esse cenário favorece empresas com forte presença na região Sul, como Lojas Renner e Panvel, além de grandes redes como Carrefour e Magazine Luiza. A tendência pode se manter no curto prazo caso a resiliência do peso argentino persista, consolidando o Brasil como um destino atrativo para compras.

Enquanto os turistas aproveitam os preços vantajosos, a economia argentina ainda enfrenta desafios. Apesar da queda na inflação anual – que passou de 211,4% em 2023 para 117,8% em 2024 – a população não sentiu alívio no custo de vida. Salários congelados, aumento da pobreza e queda no consumo, inclusive de carne bovina, evidenciam as dificuldades enfrentadas pelo país. Além disso, setores produtivos sofrem com a valorização do peso, que encarece os custos de fabricação e reduz a competitividade da indústria local.

Índice Big Mac

Outro indicador da sobrevalorização da moeda argentina é o Índice Big Mac, publicado pela revista The Economist. O levantamento aponta que o peso está 20,1% acima do valor considerado justo, o que significa que produtos na Argentina, como o sanduíche do McDonald’s, são mais caros que em outros países, incluindo os Estados Unidos. Segundo o índice, um Big Mac em Buenos Aires custa 7.300 pesos, o equivalente a US$ 6,95, enquanto nos EUA sai por US$ 5,57. Esse descompasso reforça a percepção de que a moeda argentina está artificialmente valorizada.

Diante desse cenário, o turismo de compras no Brasil tende a se manter aquecido enquanto a Argentina atravessa um período de instabilidade econômica. Se, por um lado, os argentinos encontram vantagens ao consumir no Brasil, por outro, os brasileiros que viajam para o país vizinho percebem um custo de vida mais alto. A relação cambial entre os dois países segue dinâmica, e os reflexos desse movimento podem impactar tanto o comércio quanto a indústria nos próximos meses.

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