
O longa-metragem goiano “Apenas Coisas Boas”, novo filme do diretor Daniel Nolasco, estreou em junho e vem ganhando espaço no cenário nacional e internacional. A produção será exibida nos Estados Unidos nesta sexta-feira (27), durante o Frameline, festival de cinema LGBTQIA+ realizado em São Francisco (EUA).
Após sua estreia mundial no Festival de Cinema de Guadalajara, no México, em 11 de junho, o filme teve destaque na Mostra Competitiva da 14ª edição do Olhar de Cinema, em Curitiba, onde recebeu três prêmios: Melhor Roteiro, Melhor Som e Melhor Direção de Arte. Também foi selecionado para o Frameline Completion Fund, fundo estadunidense de incentivo a filmes LGBTQIA+.
Enredo
“Apenas Coisas Boas” é o segundo longa de ficção de Nolasco, que já possui uma trajetória consolidada no cinema queer brasileiro. O filme foi realizado pela produtora goiana Rensga Filmes. A intenção agora, segundo a produtora executiva Cecília Brito, é continuar investindo na carreira internacional da obra.
Gravado em Catalão e ambientado no interior de Goiás em 1984, o filme retrata o encontro entre dois homens em meio ao isolamento rural e às tensões provocadas pela repressão à sexualidade. A narrativa, marcada por erotismo, solidão e carga emocional intensa, oferece uma abordagem íntima e sensível sobre o desejo e o silêncio que o cerca.
O personagem Antonio, interpretado por Lucas Drummond, é um fazendeiro que vive sozinho, dedicado aos cuidados de sua pequena propriedade. Seu caminho se cruza com o de Marcelo, vivido por Liev Carlos, um motociclista que sofre um acidente ao passar pela região. Inconsciente, ele é socorrido por Antonio, que cuida de seus ferimentos e o acolhe durante sua recuperação, dando início a uma história intensa que afeta profundamente os dois personagens.
Mesmo longe dos grandes centros urbanos, a repressão se manifesta de forma contundente. O pai de Antonio rejeita o filho por sua orientação sexual, em um gesto de tentativa de silenciamento de sua identidade. “Apenas Coisas Boas” explora temas como vulnerabilidade, fantasia e desejo, por meio de personagens que fogem dos estereótipos, como o homem do campo. “Além disso, a narrativa trata dos dois melhores momentos de um relacionamento amoroso: quando ele começa e quando ele termina”, brinca o diretor.
Natural de Catalão, Nolasco celebra a circulação da obra e destaca a importância de contar histórias LGBTQIA+ fora dos grandes centros. “É um romance rural queer que transita entre tempos e dimensões diferentes. Fala de amor, desejo e também do silenciamento que muitas vezes nos é imposto.”, esclarece.
Com prêmios recebidos no Brasil, estreia na América Latina e exibição confirmada nos Estados Unidos, “Apenas Coisas Boas” se consolida entre os representantes da nova geração do cinema queer brasileiro, ampliando a visibilidade do audiovisual goiano.