Estilista goiana Luana Andriollo aposta no feito à mão como identidade

Em São Paulo, artista constrói carreira com peças sob medida, técnicas manuais e coleções que contam histórias: “A roupa não é apenas para vestir, é para ser lida”
Luana Andriollo
A estilista está prestes a se formar em Design de Moda pela FAAP, ela prepara-se para aprofundar seus estudos em Londres (Foto: João Carlos)

Entre drapeados que levam meses para ganhar forma e bordados que carregam memórias, a estilista goiana Luana Andriollo constrói uma moda que vai além do vestir. Fundadora e diretora criativa do ateliê homônimo, ela comanda de São Paulo um trabalho 100% artesanal, feito sob medida e guiado pelo encontro íntimo com cada cliente. Para ela, a roupa é mais que um objeto de consumo, é uma narrativa que se lê com as mãos e se guarda como herança. “A roupa não é apenas para vestir, é para ser lida”, afirma.

O interesse pela moda surgiu na infância, quando a mãe, ligada ao universo do agronegócio, apresentava livros, filmes e conversas sobre figurinos. Mais tarde, a experiência como vendedora no ateliê Eleonora Hsiung ampliou o contato com o universo criativo e acendeu o desejo de seguir carreira. Hoje, prestes a concluir o curso de Design de Moda pela FAAP, Luana soma experiências marcantes, como a criação de um Sansão em couro leiloado no projeto “Mônica 60 anos”, inspirado no avô, piloto de avião.

A estilista também se prepara para ampliar sua formação em Londres, em um curso voltado para styling, direção de arte e produção de moda. Mas, mesmo olhando para o futuro, mantém como eixo criativo a atenção absoluta aos detalhes, que seu trabalho minucioso exige.

Coleções que contam histórias

Luana Andriollo
No ateliê Luana Andriolo, cada peça nasce do diálogo com a cliente. Mais que roupa, o processo sob medida transforma desejos pessoais em narrativas costuradas à mão, tornando cada criação singular (Foto: Divulgação)

O ateliê nasceu de forma orgânica, quando um vestido feito para uma amiga despertou encomendas que logo se transformaram em sua primeira coleção, “Pinduca”, apelido do avô que virou homenagem. Depois, vieram “Sansão” e “Oceano Abstrato”, cada uma com uma identidade própria, mas todas atravessadas pela mesma filosofia artesanal. Em “Oceano Abstrato”, por exemplo, cada tecido foi trabalhado em drapeados experimentais, moldados pelo próprio comportamento do material. “O tecido precisa falar comigo”, explica Andriollo. Algumas peças levaram até seis meses para ficarem prontas, resultado de um processo que alia paciência, escuta e entrega total ao fazer manual.

Recentemente, Luana fez uma pausa estratégica para se reconectar com sua essência. Passou sete dias entre Ouro Preto e Belo Horizonte, imersa no aprendizado de técnicas tradicionais, como a renda Barafunda e o bordado de chita, em um grupo de bordadeiras. A experiência reforçou sua filosofia de que a pausa também é parte da obra e inspirou sua próxima coleção, “Tramas da Terra”, que une savoir-faire artesanal às raízes familiares no campo, traduzindo no tecido a história da terra, do algodão e do tempo.

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Com drapeados e texturas únicas, Oceano Abstrato deu origem a vestidos que exigiram até seis meses de trabalho manual (Foto: Divulgação)
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(Foto: Divulgação)
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Ryzí: o couro como elo

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Como curadora e consultora de atacado da Ryzí, Luana reforça sua sintonia com a marca, que produz bolsas e acessórios em couro de forma artesanal (Foto: João Carlos)

Além do ateliê, Luana atua como curadora e consultora de atacado da Ryzí, marca brasileira de bolsas, sapatos e acessórios em couro fundada por Luiza Mallmann. O encontro com a marca começou ainda no primeiro semestre da faculdade, como estágio em produção de moda, e evoluiu para uma parceria pautada na mesma valorização do tempo e da execução minuciosa.

Assim como no ateliê da estilista, na Ryzí não há pressa: algumas bolsas levam até um ano para serem produzidas por um time de artesãos. O couro, material presente desde sua primeira coleção, também remete às suas origens no campo, criando um elo simbólico entre o passado e o futuro. Para Luana, esse diálogo é natural: “O couro, o tempo e a história criam uma conexão. Não é apenas uma bolsa, é um objeto que carrega memória”, finaliza.

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As criações sob medida valorizam tempo e intimidade, cada vestido é resultado de encontros, conversas e da escuta atenta, onde a roupa se torna extensão da história de quem a veste (Foto: Divulgação)
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(Foto: Divulgação)
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Criada para o projeto Mônica 60 anos, a coleção Sansão apresentou um coelho em couro inspirado na memória afetiva de Luana (Foto: Divulgação)

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