Estação St. Pancras e o poder de um poeta!

Estação St. Pancras
Texto: SUELY LOPES / Foto: CÉSAR FOLTRAN

Você tem o hábito de contemplar, observar o que está ao seu redor? De conhecer a história, além da beleza dos locais onde visita?

Você sabia que, além dos estudos e pesquisas, a forma que observamos e contemplamos o que está ao nosso redor também ativa nosso fluxo de ideias e eleva nossa criatividade? Vou ainda mais além: por que não  descobrir a história desses lugares? Pode ter certeza, a experiência de visitar um local, tendo conhecimento da história dele, é muito mais emocionante.

E quando estes espaços são ainda cenários de filmes e livros? Sabe aquela sensação de estar “dentro” de um roteiro do cinema? Simplesmente, arrebatador.

Com esse intuito, o de incentivar as pessoas a contemplarem cada detalhe por onde elas passam, e levá-las a descobrir histórias, criei uma série de artigos que denominei “Tour cultural em Londres”. Sim, eu vivo aqui, nessa cidade cheia história, cultura, arquitetura, moda, culinária etc. E decidi “trazer” você comigo, virtualmente, através de fotos e vídeos, e de artigos (o poder do texto descritivo) não só a locais específicos, mas a um mergulho nos bastidores de cada cartão postal.

Vamos começar pela majestosa Estação de St Pancras Internacional, mais conhecida como “A Catedral da Estações”; sem dúvida, mais bela de todas, na capital inglesa. Ali estão as plataformas de onde saem os trens Eurostar, e uma riquíssima história iniciada na Era Vitoriana.

A deslumbrante estação de tijolos avermelhados, com seu estilo gótico foi inaugurada sem grandes pretenções: ligar londres a outras regiões da Inglaterra, em 1868.

A surpresa é vista logo na entrada, quando damos “de cara” com a gigantesca estátua de Paul Day. Em uma “alusão” aos inúmeros encontros e despedidas que ali acontecem, o monumento é denominado “The Meeting Point”: um casal abraçado dentro de um círculo que mostra cenas referentes ao cotidiano da estação; inclusive os trabalhadores que a construíram e os soldados que serviram durante a Segunda Guerra Mundial.

E por falar em Guerra, aí está a demonstração da Função Social da Literatura, o poder da Literatura Engajada. Como vários outros prédios, a “catedral”, juntamente com o St. Pancras Renaissance Hotel estiveram em decadência no período pós guerra, e estavam prestes a serem demolidos. E, pasmem: foram salvos por um poeta!

John Betjeman, poeta laureado (o posto mais alto que um poeta brtânico pode alcançar), era também apaixonado por arquitetura e defensor do estilo vitoriano, mesmo quando este já estava fora de moda. Como ele era membro e fundador da Sociedade Vitoriana, dirigiu uma campanha para que a estação e o hotel fossem preservados. Ele conseguiu! Devido a isso, uma estátua foi levantada em homenagem a ele, no centro da estação, piso superior.

E a ligação com a literatura e filmes não termina aí. O filme Harry Potter tem cenas marcantes ali. Quem assistiu, deve se lembrar de um carro preto sobrevoando aquele prédio majestoso; bem como a explosão de uma plataforma. Na Estação de Kings Cross (que está coligada à St Pancras) hoje está a tão famosa “ plataforma 9.3/4”, que também é parte do filme Harry Potter.

É incrível como os britânicos fazem questão de incentivar  a cultura, a literatura, o cinema, e preservam ali aquela plataforma, com toda a verossimilhança de que precisamos! E vamos ali “viver” o cinema, resgatar histórias, contemplar monumentos e arquiteturas. Assim, uma simples passagem para pegar um metrô ou mesmo um trem internacional, transforma-se em um mundo mágico, onde a Arte tem seu lugar.

Mas é preciso ter olhos para enxergar, disposição para contemplar, emoção para viver o tão falado “poder do agora”. Em um mundo definido cada vez mais na Era Digital, perceber e descobrir histórias faz toda a diferença. Como contá-las se não soubermos, sequer, percebê-las?

Pode acreditar, 90% das pessoas que passam por ali, todos os dias, não fazem ideia dessa história. Não percebem a riqueza cultural, a beleza que se encontra ali. A correria da vida moderna tem deixado o ser humano cada vez mais no automático.

Que esse artigo, além de mostrar a O Poder de um Poeta, também seja um convite à contemplação, a viver a vida com mais leveza, mais essência, mais disposição em fazer do presente o melhor tempo de nossas vidas!

Sueli Lopes é formada em Letras pela UFG, pós graduada em Literatura pela Universidade de Salamanca, MBA em Business (Londres) e trabalha atualmente como coautora, escritora e mentora linguística.

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