O monólogo “Cora do Rio Vermelho”, com a atriz Raquel Penner e direção de Isaac Bernat, traz textos e poemas que destacam a força feminina e a essência da mulher brasileira. Em cartaz há mais de dois anos, o espetáculo retorna a Goiânia para apresentações nos dias 16 e 17 de agosto, no Cine Teatro Goiânia Ouro.
A montagem conduz o público por um passeio pela vida e obra da poeta e contista Cora Coralina, e busca criar uma relação íntima entre a atriz e a plateia, mesclando momentos de introspecção e humor. A peça surgiu do desejo de Raquel Penner em realizar seu primeiro monólogo. Para desenvolver a ideia, ela começou a registrar frases, pensamentos e reflexões sobre o universo feminino. Ao revisitar a obra de Cora, a atriz percebeu que a poesia e os contos da autora ressoavam com sua inquietação artística.
Segundo Penner, o espetáculo é “forte e delicado,” refletindo a própria escrita de Cora. “Cora Coralina foi uma mulher múltipla e libertária. Removeu pedras e abriu caminhos para outras mulheres. Há pouco mais de 15 anos, tive meu primeiro encontro com ela, em uma exposição no Rio de Janeiro. Fiquei encantada por aquela senhora do interior do Brasil, que falava com firmeza, fazia doces e escrevia poesia, celebrando a vida e a simplicidade. Quando a reencontrei em um livro de Drummond, percebi que tudo o que eu queria expressar no palco estava ali”, relata a atriz.
Frutos da Terra
Além do espetáculo, o projeto inclui a oficina “Frutos da Terra,” ministrada pelo diretor Isaac Bernat. Inspirada na pesquisa sobre o griot africano Sotigui Kouyaté, a oficina busca, através de exercícios de sensibilização, explorar o papel do ato de contar histórias na construção da identidade do ator e do indivíduo como parte da sociedade. A atividade propõe um mergulho nas origens e na ancestralidade, valorizando as memórias e histórias de cada participante.
Cora Coralina
Cora Coralina, pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (1889–1985), é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras. Nascida na Cidade de Goiás, viveu mais de quatro décadas em São Paulo. Embora escrevesse desde a adolescência, sustentava-se como doceira, e seu primeiro livro foi publicado apenas em 1965, quando tinha quase 76 anos. Escreveu sobre os lugares onde viveu, as pessoas com quem conviveu e a natureza que observava.
“Quando Raquel me convidou para dirigir ‘Cora,’ meu coração se encheu de alegria. Há anos, uma das célebres frases da poeta guia meu comportamento artístico e profissional: ‘Todo trabalho é digno de ser bem-feito.’ E essa mesma frase também orienta o que espero e procuro oferecer às pessoas. Como bem disse Carlos Drummond de Andrade: ‘Na estrada que é Cora Coralina passam o Brasil Velho e o atual, passam as crianças e os miseráveis de hoje. O verso é simples, mas abrange a realidade vária’,” celebra o diretor Isaac Bernat.
A dramaturgia reúne passagens da vida de Cora e poemas extraídos de obras como “Vintém de cobre – meias confissões de Aninha,” “Meu Livro de Cordel,” “Villa Boa de Goyaz” e “Poemas dos becos de Goiás e estórias mais.” “A partir de um recorte sensível de obras feito por Raquel e com a toada poética de Cora, busquei nesta abordagem teatral uma geografia de sensibilidade e memórias, uma paisagem sonora que a atriz observa e traduz a partir do simbólico quarto de escrita, mesclada aos seus fazeres de doçura,” explica o dramaturgo Leonardo Simões.
Durante a encenação, músicas populares são executadas, reunindo vozes femininas de atrizes-cantoras do cenário teatral brasileiro, como Aline Peixoto, Chiara Santoro, Clara Santhana, Cyda Moreno e Soraya Ravenle. Em “Cora do Rio Vermelho” (referência ao rio que banha Goiás), a atriz assume o papel de uma contadora de histórias envolvida pelo amor e dedicação que Cora devotava à sua tradição e à sua gente.
Com ingressos a preços populares, todas as apresentações contarão com intérprete de Libras, notas introdutórias para ampliar a acessibilidade de pessoas com deficiência visual, espaço de regulação, e serão seguidas por um bate-papo entre a equipe e o público.
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Serviço: Espetáculo “Cora do Rio Vermelho” celebra a vida e obra de Cora Coralina
Quando: 16 de agosto (19h30) e 17 de agosto (20h)
Onde: Cine Teatro Goiânia Ouro – R. 3, 1016 – St. Central, Goiânia – GO
Ingressos: Esgotados online; cota de ingressos grátis disponíveis presencialmente nos dias das sessões.
Oficina “Frutos da Terra,” com Isaac Bernat:
Quando: 16 de agosto (14h) e 17 de agosto (18h)
Onde: Cine Teatro Goiânia Ouro – R. 3, 1016 – St. Central, Goiânia – GO
