A terceira edição da SP-Arte Rotas Brasileiras acontece entre os dias 28 de agosto e 1º de setembro na Arca, em São Paulo. O evento promove uma imersão no Brasil por meio das artes visuais. Com galerias, instituições culturais e projetos convidados, a feira oferece estandes curados que exploram novos caminhos da arte brasileira. Participam mais de 250 artistas, entre emergentes e consagrados, sendo mais de 40% mulheres, e 67 expositores de 14 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. A proposta é proporcionar um passeio cuidadoso e reflexivo, distinto de outras feiras de arte.
“Rotas é um mergulho na arte brasileira. Cada projeto é pensado com cuidado, resultando em perspectivas distintas e profundas da nossa identidade. Nesta edição, a potência e riqueza cultural do Brasil ficam ainda mais evidentes”, afirma Fernanda Feitosa, fundadora e diretora executiva da SP-Arte.
Direção artística
Uma das principais novidades desta edição é a direção artística de Rodrigo Moura. Curador, editor e crítico de arte, Moura (Belo Horizonte, 1975) atua como curador-chefe no Museo del Barrio, em Nova York, desde 2019. Sua carreira inclui passagens pelo Masp como curador-adjunto e pelo Instituto Inhotim como diretor artístico e curador. Ele foi também o primeiro curador do Setor Solo na SP-Arte, em 2014 e 2015.
“Rotas oferece a chance de criar diálogos em torno de identidade e pertencimento, propondo reflexões e revisões”, comenta o diretor artístico. “Para mim, é uma honra colaborar com agentes do sistema de arte e propor novas dinâmicas de circulação e significado para seus programas na feira.” Moura colaborou no desenvolvimento dos projetos das galerias, incentivando apresentações solo, duo ou recortes temáticos.
Mirante
Um dos destaques desta edição é a estreia do Mirante, setor proposto por Moura em um formato inovador para feiras de arte. Reunindo obras de grande escala raramente exibidas, o Mirante apresenta trabalhos de artistas consagrados como Tunga, Rivane Neuenschwander e Adriana Varejão, além de nomes da nova geração, como Rebeca Carapiá e Jota Mombaça.
Expositores
Entre os expositores, destacam-se casas tradicionais como Almeida & Dale, Gomide&Co, Bolsa de Arte, Marilia Razuk e Millan, além de galerias mais jovens como Mitre, HOA, Projeto Vênus e Verve. Importantes galerias do Nordeste também estarão presentes, incluindo Lima (São Luís), Marco Zero (Recife), Paulo Darzé, Acervo, RV Cultura e Arte (Salvador) e Leonardo Leal (Fortaleza).
Como em edições anteriores, também participam institutos, acervos e galerias que preservam e promovem a obra de artistas consagrados da arte brasileira, como o Instituto Cultural Vlavianos, Caravana Farkas, Sertão Negro, Galeria Estação, Instituto Mario Cravo Neto, Karandash, Bancos Indígenas do Brasil e a coleção moraes-barbosa, dedicada a obras efêmeras como performance e arte postal.
Projetos
A galeria Almeida & Dale apresentará um projeto inédito que reúne obras de Emmanuel Nassar, Mirian Inêz da Silva e Antonio Dias, artistas cujos trabalhos refletem as dinâmicas do processo de modernização do Brasil e da cultura brasileira no século XX.
A Gomide&Co exibirá “Rotas de afeto”, promovendo um diálogo entre as obras da artista Lenora de Barros e as de seu pai, Geraldo de Barros. Com curadoria da própria Lenora, a exposição inclui esculturas, pinturas e peças de design.
A Paulo Darzé, de Salvador, levará o projeto “O Mensageiro” à feira, uma exposição coletiva que tem como eixo conceitual Exu, divindade das religiões de matriz africana.
A Millan trará obras dos artistas Daiara Tukano, Gustavo Caboco, Jaider Esbell e Joseca Mokahesi Yanomami, enfatizando as histórias ancestrais e a defesa dos direitos das populações indígenas do Brasil.
A GDA, Galeria de Artistas, destaca as diásporas árabes com obras de Mari Dagli, Rodrigo Lahoud, tintanamente e Yara Osman, sob curadoria de Khadyg Fares. As obras refletem as identidades e desdobramentos poéticos e políticos desse trânsito migratório do Oriente ao Brasil.
A Cerrado apresentará um solo do artista Moacir, residente da Vila de São Jorge, na Chapada dos Veadeiros. Suas pinturas confrontam elementos de naturezas distintas, criando figuras simbólicas e personagens do imaginário popular.
O projeto da Marco Zero explora o conceito de desvio como uma forma potente de coabitar o território. Com curadoria de Bitu Cassundé, a seleção inclui trabalhos de artistas como Advânio Lessa, Bozó Bacamarte e Cícero Dias, que buscam reinventar paisagens e resgatar memórias ancestrais.
Com obras de Kássia Borges, Kaya Agari e Nara Guichon, a Carmo Johnson Projects amplia a discussão sobre urgências estéticas, culturais e socioambientais, apoiando práticas sustentáveis e conexões ecológicas.
Nesta edição, o destaque da Lima é o artista Luis Carlos Lima Santos. Com obras feitas a partir de sementes de babaçu, andiroba e tamburi, típicas do Maranhão, suas peças vão da forma orgânica à abstração.
Na Marcelo Guarnieri, uma seleção de obras de Maureen Bisilliat e João Bez Batti será apresentada. Por meio da fotografia e da escultura, os artistas exploram processos manuais como a revelação fotográfica analógica e a escultura em basalto.
A Martins&Montero trará um projeto solo de Davi Rodrigues, artista do Recôncavo Baiano. Sua nova série de pinturas, “Memória e presente do meu Paraguaçu” (2024), retrata o rio como personagem principal, destacando a importância da preservação ambiental e da memória cultural.
Programação
A partir de 31 de agosto, a Casa SP–Arte receberá sua primeira exposição internacional, ocupada pela galeria kurimanzutto, com sedes na Cidade do México e Nova York. Trata-se da primeira individual do artista colombiano Oscar Murillo no Brasil, com obras que dialogam com nomes fundamentais da arte brasileira, como Lygia Clark, Hélio Oiticica e Cildo Meireles.
A Rotas Brasileiras oferece audioguias temáticos disponíveis no Spotify, proporcionando um passeio imersivo pela feira. Os audioguias foram elaborados por Felipe Molitor, coordenador de programas públicos da SP–Arte, e pelo curador independente Lucas Albuquerque, abordando temas como expressões religiosas e diásporas transatlânticas.
Talks
O programa de conversas da terceira edição do Rotas acontece nos dias 30 e 31 de agosto, sexta-feira e sábado, em formatos variados.
Na sexta-feira (30), mesas-redondas contarão com a participação de artistas e curadores que discutirão questões específicas da arte contemporânea brasileira.
Já no sábado (31), as conversas, em parceria com a revista Bravo!, contarão com importantes artistas brasileiros apresentando suas pesquisas e trajetórias.
Serviço: SP-Arte Rotas Brasileiras
Quando: 28 de agosto a 1º de setembro de 2024
Onde: Av. Manuel Bandeira, 360 – Vila Leopoldina (São Paulo – SP)
Horários: 28 de agosto: convidados 29 a 31 de agosto: das 12h às 20h 1º de setembro: das 12h às 19h
Ingressos: R$ 80 (inteira) R$ 40 (meia-entrada); Bilheteria online.