Atravessando fronteiras, chegando em lugares distantes, em grandes cidades ou pequenos vilarejos, o circo rompe barreiras para levar alegria, ilusão e encanto às pessoas. Em sua quarta edição, o Festival das Famílias de Circo de Goiânia levará arte para as pessoas através das telas. A programação, que reúne espetáculos inéditos e consagrados, para todo tipo de público, começa no próximo dia 22 de março. A primeira etapa do festival será realizada até o dia 28 de março, transmitida através do Youtube. A segunda fase acontecerá em maio. Esta primeira etapa, além de levar arte de qualidade ao público, tem o compromisso de solidariedade com as famílias tradicionais de circo de Goiânia, que carecem de apoio neste cenário pandêmico. O projeto tem apoio do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás.
A programação reúne nove espetáculos de diferentes estados, apresentados em 19 exibições síncronas e contempla as diferentes vertentes do circo: do tradicional ao novo circo, passando por apresentações individuais, montagens que mesclam com artes cênicas e que têm o palhaço no centro da cena. O Festival, que reúne oito famílias de circo, ainda proporciona debates em um seminário com cinco mesas temáticas. A primeira etapa do evento será encerrada no dia nacional do circo, 27 de março, com um ato em defesa da Escola Nacional de Circo e o lançamento do museu iconográfico sobre as famílias de circo de Goiânia.
Esta edição, a primeira virtual em dez anos, “é um lugar de fala para amplificar a voz das produções circenses ao mesmo tempo que é um ambiente de formação para buscas de alternativas de produção no contexto pandêmico”, compartilha o coordenador do projeto, Constantino Isidoro.
Edição da solidariedade
Desde o ano de 2009, os grupos Anthropos, Asas do Picadeiro e Circo Lahetô se unem para aproximar as famílias circenses de Goiânia com o objetivo de valorizar, reconhecer e homenagear o trabalho que elas realizam. Essa aproximação é ainda mais necessária neste ano, como uma tessitura de solidariedade a quem não pôde exercer seu trabalho ao longo do último ano. Ao longo do festival, o público poderá fazer doações para apoiar as famílias de circo de Goiânia que estão impossibilitadas de trabalhar nesta crise sanitária.
Constantino Isidoro, da Companhia Antropos, destaca o grande número de famílias circenses em Goiânia que dependiam de bilheterias e não estão trabalhando embaixo de suas lonas, tampouco seguindo itinerância e sem a possibilidade de praticar a arte nas ruas ou em eventos. “O festival reúne ações culturais para fomentar uma ocupação mais potente do circo em nossa cidade, problematizando os aspectos simbólicos e estruturais do nosso território”, comenta.
Manoel Alves (palhaço Sapeca), idealizador do projeto, argumenta que o festival é um ato solidário de reconhecimento da importância daqueles que fazem arte circense em Goiânia e também representa esperança. “É um momento de alimentar a utopia dos que sempre tiveram a lona e o picadeiro como palco e teto protetor da arte que alegra, alenta e alimenta a esperança de vida”, comenta o palhaço.
Programação
Quem abre os trabalhos no dia 22/3 é o Circo Teatro Palombar (SP), com exibição ao vivo do espetáculo “Esquadrão Bombelhaço”, uma montagem circense baseada em desenhos animados. O festival volta-se à primeira infância apresentando os espetáculos “O Farol”, da Cia Studio Sereia (DF), que adota linguagem de libras, além de Pupila D’agua, apresentado pela companhia La Casa Incierta (DF/Brasil/Espanha). A Turma do Biribinha (AL) apresenta o clássico do circo tradicional com “Eu sem você eu não sou ninguém”.
A Trupe Chocolate e Pimentinha, quinta geração circense da Família Metroviche, também homenageia o circo tradicional, numa roupagem contemporânea, com a apresentação de “A Magia do Circo”. Já o Palhaço Café Pequeno homenageia os palhaços no espetáculo “Bem Vindo”, um belo trabalho sobre os dilemas dos refugiados. Os anfitriões ainda compartilham a excelência da produção circense local: Circo Lahetô apresenta “Circo magia e estripulias”; Asas de Picadeiro ,“Ilusionistas do Cerrado – peripécias e relembranças” e Anthropos expõe a união entre circo e teatro com “Hamlet na Rua”.
Circo em debate
O IV Seminário de Artistas de Circo, que faz parte da programação do festival, terá roda de conversa sobre produção cultural e a presença das mulheres nas novas formas de produção; promoverá espaço para histórias sobre circo, arte e tradição; discutirá encantamento, circo e educação sensível e também sobre encenação no circo e a relação entre circo e teatro.
A segunda etapa do festival, que será realizada em maio, terá como objetivo oferecer atividades de sensibilização da arte circense para crianças, adolescentes e jovens. “De suas casas e com objetos do cotidiano, eles poderão aprender algumas dinâmicas dos artistas de circo. Ao mesmo tempo, ofereceremos oficinas direcionadas para os já iniciados aperfeiçoarem a prática artística”, compartilha o coordenador do Festival, Constantino Isidoro.
Muita história para contar
Maneco Maracá, coordenador do Circo Lahetô, relembra que no Jardim Nova Esperança tem uma rua batizada “dos artistas”, por conta de um grande número de famílias circenses que até hoje moram ali. Ele também indica a grande presença dessas famílias no Jardim Curitiba. “São várias famílias que pararam em Goiânia. Temos muitas histórias e se quisermos conhecer, temos que parar para ouvir. A história do circo é uma história oral”, comenta Maracá. É nesse espírito que o festival apresenta o museu iconográfico, com belos registros e depoimentos das famílias de circo de Goiânia. O museu poderá ser acessado no site do Festival.
Serviço:
IV Festival das Famílias de Circo de Goiânia
Data: 22 a 28 de março
Transmissão: Por meio do canal no YouTube do Festival
Mais informações: Acesse o site do Festival