Botequeiro, sim!

Por: Clara Luiza Domingos

Que goiano é botequeiro de carteirinha, não é novidade para ninguém. Alguns atribuem essa característica ao clima da cidade, que mesmo no inverno, é difícil tirar o casaco de frio do guarda-roupas; outros acreditam que a herança cultural dos bares advém da simpatia do goiano, que cria pretextos para reunir os amigos em uma mesa de bar e tomar uma cerveja, a mais gelada, por favor. O complexo de bares em Goiânia é de se admirar e vai desde o Boteco do João, intimista e aconchegante, bom para reunir a turma e assistir o futebol acompanhado de um espetinho caprichado; até os multifuncionais com música ao vivo, espaço de dança e mesas para petiscar, claro.

Confere-se a isso o crescente sucesso do Comida Di Buteco na capital de Goiás. Desde 2007, o concurso reúne botecos espontâneos da cidade, que nunca perderam a estrutura familiar. Trata-se daqueles botecos em que o proprietário, obrigatoriamente, administra o negócio e sua história e a identidade do dono fazem parte da riqueza do bar. Em 2014, foram 400 mil votos, 340 mil tira-gostos vendidos durante o concurso e 4 milhões de pessoas impactadas em todo Brasil. Neste ano, em Goiânia, 30 botecos em diferentes regiões da cidade estão participando da disputa do título de melhor boteco da capital goiana.

Já são 20 cidades que participam da brincadeira séria. O concurso nasceu em Belo Horizonte e já se espalhou por 11 estados e 20 cidades brasileiras. O Comida di Buteco vem se consolidando ano a ano como uma das mais importantes plataformas de transformação social no segmento e que contribui para a manutenção desses locais num mercado tão concorrido e vulnerável. Só neste ano, são mais de 500 receitas inéditas criadas para o Comida Di Buteco.

No concurso, que tem início no dia 10 de abril e dura 31 dias, o desafio do botequeiro é criar um prato novo especialmente para o concurso. Em algumas edições são introduzidos temas, para instigar ainda mais a criatividade do chefs caseiros. Em 2015, o tema escolhido foi “Frutas”, uma vez que existem inúmeras espécies por todo o Brasil, abrindo um largo leque de opções a serem utilizadas. Cybelle Bretas, sócia do concurso em Goiânia, explicou que a fruta presente na receita não precisa ser a protagonista do petisco concorrente, pode participar até mesmo da decoração, desde que seja comestível.

Serão julgados no concurso Comida Di Buteco durante 31 dias o tira-gosto, o atendimento, a higiene do local e a temperatura da bebida servida. A pesquisa é avaliada pela qualidade do voto do juri e dos clientes, não a quantidade de escolhas. Na edição passada, o Bar Du Marcelo, no setor Castelo Branco, foi o campeão com o petisco “Modão Sertanejo Vol. II”, um disco de arroz e queijo ralado, recheado com catupiry, carne de sol, pequi e azeitonas. No Bar du Marcelo, há várias caricaturas do proprietário Marcelo com o violão nas costas estão espalhadas, isso porque ele é uma das atrações do local, onde toca e canta para seus clientes, muitos que viraram até amigos. O prato desse boteco que compete em 2015 é o Porquinho Maluco, almôndegas suínas com tempero à moda da casa servidas com um molho de abacaxi. Combinação que deu muito certo.

  • Porquinho Maluco, prato apresentado pelo Bar do Marcelo (Foto: Divulgação)

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