Enriquecimento ambiental: entenda a importância dos estímulos para o bem-estar do seu pet

Prática promove comportamentos naturais e melhora a saúde mental e física dos animais de estimação
Enriquecimento ambiental
(Foto: Daga_Roszkowska/ Pixabay)

Ansiedade, estresse, medo e tédio podem ser sintomas comuns em pets que adoecem física ou emocionalmente devido à falta de estímulos aos seus instintos. Essa apatia demonstrada por cães e gatos contraria a natureza de suas espécies, que necessitam de ânimo, motivação e atividades para garantir o bem-estar. Para evitar esse ócio prejudicial, existe a prática do enriquecimento ambiental.

A técnica consiste em um conjunto de atividades, individuais ou em grupo (com humanos ou outros animais), que visam estimular os comportamentos e habilidades primitivas dos pets, tanto dentro do ambiente doméstico quanto ao ar livre. Esses instintos básicos incluem roer e farejar para cães, e caçar e marcar território para gatos.

“Hoje, já temos dados que mostram que o bem-estar físico dos pets está totalmente alinhado ao emocional, capaz de prolongar sua vida. Então, ao ficarem limitados a ambientes de apartamentos ou casas sem estímulos adequados, os pets são privados de expressar os comportamentos naturais de sua espécie, o que causa frustração. Isso culmina em um estado de estresse crônico, que libera uma cascata de hormônios e neurotransmissores nocivos à saúde”, comenta Marina Meireles, veterinária comportamentalista do Nouvet, centro veterinário em São Paulo.

Segundo a especialista, existem vários tipos de enriquecimento ambiental. Entre os principais estão o físico, que estimula os cães com exercícios de obstáculos e circuitos, por exemplo, e os gatos, com prateleiras, torres e arranhadores; e o alimentar, que permite variar a forma de oferecer o alimento, com brinquedos recheados, porta-petiscos funcionais e outros recursos que estimulam o faro e a caça.

Por vezes, os tutores veem com maus olhos certas atitudes dos pets — como roer sapatos e móveis, urinar em lugares inadequados, rosnar e arranhar sofás —, mas não sabem que a maioria delas faz parte do comportamento natural dos animais e pode até ser indicativo de outras questões de saúde. Na ausência de um estímulo ou distração mais adequada, o pet acaba interagindo com o que estiver ao seu alcance, como roupas e móveis. Para solucionar esses casos, é preciso direcionar o foco do desejo para outros hábitos e itens.

É nesse cenário que o enriquecimento ambiental se mostra útil para a rotina familiar e, principalmente, para a saúde dos pets. Fazer com que eles expressem seus interesses naturais e tenham suas necessidades atendidas, respeitando suas particularidades, é o principal objetivo do método.

Para ajudar os tutores, a veterinária do Nouvet cita algumas práticas eficazes. “Cães são animais de comportamento neofílico, ou seja, se sentem atraídos por novidades. É interessante que os brinquedos não fiquem à disposição o tempo todo, pois o cão perderá o interesse. Em vez disso, os tutores podem deixar alguns poucos itens disponíveis, como mordedores, e apenas oferecer os demais brinquedos durante as brincadeiras”, explica.

Para gatos, ela comenta que é fundamental manter vivas suas características de caça. “Isso pode ser feito com brinquedos que simulam movimentos rastejantes, com penas, pelos e outros itens lúdicos que engajam os felinos. Além disso, os gatos gostam de ter acesso a locais altos, como prateleiras, para se sentirem ‘no controle’ do seu território”, complementa Marina.

Como em toda técnica e rotina com animais, a veterinária comportamentalista reforça a importância de que os tutores estejam sempre alinhados com a orientação de um médico veterinário. Esse é um ponto fundamental para conduzir cada caso de acordo com as particularidades dos pets.

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