
De 13 a 20 de setembro de 2025, a Vila de São Jorge, na Chapada dos Veadeiros (GO), volta a receber o Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, festival dedicado aos saberes e às manifestações culturais populares e tradicionais do Brasil. Em sua 25ª edição, o evento, realizado pela Aldeia Multiétnica em parceria com a Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, terá uma programação ampliada que começa em julho e segue até setembro, com festivais, encontros e ações que reafirmam seu papel como espaço de resistência e celebração.
Criado em 2000, o Encontro já reuniu milhares de mestres e mestras da cultura popular, povos indígenas, quilombolas, artistas, educadores, pesquisadores e visitantes de diversas regiões do país. Ao longo de 25 anos, tornou-se referência como espaço de articulação política, vivência intergeracional e preservação de expressões culturais muitas vezes invisibilizadas nos grandes centros. “Chegar a 25 anos no Brasil fazendo cultura popular, com pé no território e compromisso com os povos tradicionais, não é fácil, é quase um milagre logístico e político”, afirma Juliano George Basso, articulador cultural e coordenador do evento. “O que sustentou o Encontro até aqui foi uma rede de gente comprometida, são mestres, mestras, produtores, artistas e comunidades que acreditam que faz sentido.”, acrescenta.
A edição de 2025 ganha novo significado também pela escolha de ampliar as atividades de julho a setembro, período em que se celebra o bioma Cerrado, considerado berço das águas do Brasil e uma das savanas mais ricas em biodiversidade do planeta, ocupando 23,3% do território brasileiro. “O Cerrado é guardião das nascentes que alimentam as maiores bacias hidrográficas da América do Sul. Celebrar o Encontro em setembro é um ato de reverência, mas também de resistência: é afirmar a centralidade do Cerrado na luta pela vida. Alinhar nossa programação ao calendário do Cerrado nos permite reconectar ainda mais profundamente com o bioma, com a terra e com os povos que o defendem há séculos”, explica Juliano.
A programação ampliada vai incluir eventos que antecedem a semana principal de setembro, como a 17ª Aldeia Multiétnica, o Encontro na Aldeia com shows nacionais e o Festival de Forró na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, todos previstos para julho. Durante todo o período, romarias, festejos e vivências integram a agenda.
Fortalecimento da cultura popular brasileira

O Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros é um espaço de celebração da cultura popular brasileira e de conexão entre diferentes manifestações da cultura tradicional presentes no Centro-Oeste e em todo o país. Reconhecido como patrimônio cultural imaterial de Goiás desde 2023, acompanhou, desde sua criação, a construção de marcos relevantes das políticas culturais brasileiras.
Como explica Juliano, o evento surgiu em um momento em que o país começava a discutir o patrimônio imaterial como política pública e, ao longo dos anos, tornou-se um território de prática viva dos princípios que depois seriam incorporados por políticas como o Programa Cultura Viva, a valorização de mestres e mestras como patrimônio vivo e a obrigatoriedade da presença das culturas afro-brasileira e indígena nos currículos escolares. “Tudo isso que a gente já fazia, rodas, cortejos, transmissão entre gerações, estava ali nas políticas que foram surgindo”, relembra.
Para Juliano, é justamente esse enraizamento nos territórios e nas comunidades que dá sentido e continuidade ao projeto. “Hoje, o Encontro é muito mais do que um evento anual. É território político, ponto de partida e de chegada para quem acredita que cultura é ferramenta de transformação. A gente não só mostra o que é patrimônio imaterial, a gente vive ele. E na Chapada dos Veadeiros, no coração do Cerrado, a gente segue semeando esse Brasil que canta, dança, reza, luta e inventa outros futuros possíveis.”
Ao longo de sua história, o Encontro consolidou a participação de expressões tradicionais que ajudam a construir sua identidade cultural. Caçada da Rainha de Colinas do Sul, Congo de Niquelândia, ternos e folias de São João D’Aliança, Terno de Moçambique do Capitão Júlio Antônio e a Comunidade Kalunga, considerada o maior território quilombola do país, são alguns exemplos que formam um conjunto de referências que atravessam gerações e mantêm viva a ancestralidade do Cerrado.
Para quem nunca viveu a experiência, Juliano deixa um convite: “Às vezes, o que transforma não é o que a gente veio buscar, mas o que encontra pelo caminho. O Encontro é um espaço para se colocar em relação: com os povos, com o território e com outras formas de ver o mundo.” A programação completa será divulgada em breve. Até lá, o público pode acompanhar os canais oficiais do evento.

Serviço: 25º Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros
Quando: De 13 a 20 de setembro de 2025
Onde: Vila de São Jorge – Alto Paraíso de Goiás (GO)
Mais informações: encontroteca.com.br / @encontrodeculturastradicionais