Nem tudo é preenchimento, botox e agulhas no mundo da beleza facial. “Ao analisarmos a estética de uma face, nós a dividimos em terços: superior, médio e inferior. O terço superior corresponde genericamente à área da testa e sobrancelhas; o terço médio à região dos olhos e nariz, e o inferior contém lábios e queixo (mento). A face ideal tem simetria entre estes terços, sendo que eles apresentam a mesma medida na altura vertical”, explica o Dr. Paolo Rubez, cirurgião plástico, membro da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica. “Para buscar a maior harmonia possível de uma face, nós também dividimos os tratamentos para cada terço. Os avanços nas técnicas de Lifting Facial nos últimos anos foram sobretudo para os terços médio e inferior. Para o terço superior o tratamento busca melhora das rugas da testa e muitas vezes a elevação dos supercílios”, diz o médico.
Para as rugas, segundo o especialista, o tratamento mais usado ainda é a toxina botulínica, sendo que ela também permite uma pequena elevação das sobrancelhas. “Como alternativas cirúrgicas para esta elevação existem algumas técnicas descritas, porém, não há uma unanimidade e, muitas vezes, é utilizado apenas a toxina para esta área da face”, diz o médico.
Já as técnicas de lifting para o terço médio e o inferior apresentaram evoluções importantes nos últimos anos que permitiram que os resultados fiquem mais naturais e duradouros, explica o Dr. Paolo. “Lembrando que o objetivo dos liftings é o de rejuvenescer o rosto, ‘apagando’ os sinais da idade como rugas, flacidez de pele e perda do contorno da face. O processo de envelhecimento provoca perda da sustentação das estruturas, perda de volume e consequentemente perda do contorno da face. Uma face jovem e bela apresenta como características um terço médio com volume na área das ‘maçãs do rosto’ e um contorno ósseo bem definido no malar, na mandíbula e no queixo. E o envelhecimento provoca exatamente a perda destas características, que são buscadas através do lifting”, conta o médico.
Lifting facial: Técnicas atuais apresentam melhores resultados
O Dr. Paolo explica que o lifting facial busca “voltar o relógio do tempo” e rejuvenescer o rosto trazendo as características da face jovem de cada um. “Não se deve, portanto, buscar um resultado semelhante ao de outra pessoa, e sim uma versão mais jovem de si mesmo”, diz o médico.
Antigamente estes procedimentos eram feitos apenas nas camadas mais superficiais do rosto, sobretudo na pele. “Ou seja, buscava-se rejuvenescer ‘esticando’ a pele e retirando seu excesso. No entanto, isto vai contra o próprio processo do envelhecimento, que ocorre em todas as camadas da face e não apenas nas mais superficiais. Mesmo o osso sofre alterações com os anos, como perda de volume. Estes tipos de lifting procuravam ‘compensar’ o envelhecimento apenas tratando a pele, o que provocava resultados artificias e desarmoniosos”, explica o cirurgião plástico.
As técnicas atuais apresentam melhores resultados exatamente por tratarem tanto as camadas superficiais, quanto as profundas e reporem o volume perdido com a idade, segundo o médico. “Isto é feito através do reposicionamento das camadas profundas do rosto, retirada do excesso de pele e reposição de volume com o uso de gordura do próprio corpo (lipoenxertia)”, diz. “O preenchimento com gordura é hoje parte fundamental nos liftings. Em geral, retira-se uma pequena quantidade de gordura através de lipoaspiração do abdômen ou coxas, prepara-se e injeta nas áreas com mais depressão, por exemplo olheiras e ‘bigode chinês’. A gordura além de ser uma forma definitiva de preenchimento também melhora a qualidade da pele por apresentar células tronco. É o ‘líquido de ouro’ (liquid gold)”, explica o médico.
Com relação às técnicas de reposicionamento de tecidos nos liftings a maior novidade está na chamada Deep Plane Facelift. “O próprio nome em inglês significa um lifting das camadas profundas da face. Levanta-se a pele e reposiciona-se a camada chamada SMAS (Sistema Músculo-Aponeurótico Superficial). E ao final, retira-se o excesso de pele, sem esticar demais o rosto. Esta técnica faz com que os resultados sejam melhores, mais naturais e mais duradouros. Antigamente o SMAS não era tratado, ou era feito de maneira menos eficaz e duradoura”, diz o médico.
Seguindo esta mesma tendência também é uma novidade o Deep Neck Lift, técnica para rejuvenescer a região da papada e pescoço. Ela também trata desde as camadas superficiais, como pele e gordura superficial, até as profundas como músculos, gordura profunda e glândulas. “Num comparativo, a famosa lipo de papada trata apenas uma destas camadas, a gordura superficial, e apesar de muito popular permite resultados bastante mais limitados. O Deep Neck é um procedimento muito realizado em jovens também que desejam maior definição para esta região, e é uma das grandes evoluções no tratamento da face dos últimos anos”, finaliza o cirurgião.