Os perigos da superestimulação das crianças

Janaína Spolidorio

A superestimulação acontece quando não permitimos que a criança siga seu próprio ritmo, quando não respeitamos suas necessidades, seus intervalos de descanso. O resultado é uma sobrecarga de estímulos que podem ser prejudiciais ao seu desenvolvimento.

Para entender melhor como é ruim sobrecarregar seu filho ou aluno de informações, imagine um aparelho como um celular. O que acontece se você o sobrecarrega com arquivos como fotos, áudios e vídeos? Certamente você pensou que ele fica lento ou que ele começa a dar alguns problemas, especialmente de armazenamento. Pois é, o mesmo acontece com as pessoas, especialmente com as crianças, que ainda não sabem lidar com a sobrecarga.

Muitas vezes os pais querem tanto que a criança desenvolva novas capacidades, que acabam trazendo inúmeras atividades para suas vidas: outro idioma, esportes, música, dança, fora a fono, a terapeuta e outros profissionais que podem acabar fazendo parte da vida da criança por outras necessidades. São incontáveis as possibilidades! E há quem pense que é um favor a criança fazer tantas atividades, além da escola, claro.

Cada criança terá seu próprio limite. Há, contudo, uma linha que separa a estimulação da superestimulação e nem sempre ela fica clara para os pais. Veja alguns indicadores que podem ajudar a perceber se a criança está além do seu próprio limite:

– Não são permitidos intervalos de descanso entre as atividades e a criança tem dificuldade para relaxar ou até mesmo para dormir.

– É nítido que a criança permanece por obrigação em uma determinada atividade, sem demonstrar sinais de dedicação ou empenho.

– Recusa brincadeiras que possam estimulá-lo na aprendizagem. Está tão sobrecarregado que se recusa a fazer atividades de maior empenho de raciocínio.

– Dificuldade em prestar atenção ou em se concentrar.

A superestimulação sobrecarrega o cérebro da criança e isso é preocupante, porque é na infância que se formam as raízes neurológicas e biológicas que irão determinar o funcionamento do adulto.

Quando não estimulamos a criança devidamente ela terá dificuldade em formar conexões entre os neurônios, mas por outro lado, quando a sobrecarregamos há muitas conexões, muitos caminhos para os neurônios e a mente pode ter dificuldade em saber qual seguir. A sobrecarga irá fazer com que a criança comece a ter dificuldade em desempenhar algumas tarefas e atividades, especialmente as ligadas diretamente à aprendizagem.

Há maneiras de evitar a superestimulação. Veja algumas dicas a seguir:

  1. Permita seguir o ritmo: perceba o ritmo da criança e permita que ela o siga de uma maneira saudável para seu desenvolvimento.
  2. Evite muitos estímulos juntos: cuidado com televisão, celular e videogames. Eles podem proporcionar uma explosão de estímulos que prejudicam funções como atenção e concentração.
  3. Conheça a criança: uma pessoa é diferente da outra. É preciso conhecer as necessidades das crianças para poder avaliar do que ela precisa e o que ela aguenta fazer. Equilibrar as atividades com a capacidade pessoal é essencial.
  4. Brinque com os estímulos: se as crianças tiverem prazer ao fazerem atividades extra curriculares será mais difícil ter um esgotamento. A diversão deve ser parte da vida da criança.
  5. Limite a quantidade de informação e estímulos: muitas informações que não ficam acessíveis para determinadas idades assim o são exatamente porque eles não estão preparados para recebê-las. A aprendizagem de um instrumento musical, por exemplo, é indicada a partir dos seis ou sete anos de idade. Antes disso a aula adequada é de musicalização, porque a criança irá ter o contato musical, explorando diversos instrumentos e as próprias habilidades. Para tocar apenas um é preciso ter algumas habilidades escolares como a alfabetização e a matemática, que irão fazer parte das aulas musicais.

Especialista em educação, Janaína Spolidorio é formada em Letras, com pós-graduação em consciência fonológica e tecnologias aplicadas à educação e MBA em Marketing Digital.

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