Aos 92 anos, Goiânia busca se reconectar às suas origens

Planejada para ser uma capital verde, Goiânia renova o desejo de resgatar seu projeto inicial, especialista diz que valorizar os córregos é um bom começo
lago das rosas goiania
Foto: Goiânia Tur
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Foto: Goiânia Tur

Por Júnior Bueno

Goiânia completa 92 anos refletindo sobre o caminho que percorreu e os desafios de preservar o ideal que guiou sua criação: ser uma cidade verde, planejada e voltada para o bem coletivo. Para a arquiteta e urbanista Maria Ester Souza, professora da PUC Goiás, ainda é possível identificar parte desse projeto original em locais como o Lago das Rosas, o Bosque dos Buritis e o Parque Botafogo. “A ideia era que Goiânia fosse uma cidade entre bosques”, explica. “Hoje o Bosque está menor e o Parque Botafogo foi cortado pela Avenida Araguaia. Pouca gente sabe da sua importância.”

Ela lembra que o traçado do Centro e do Setor Sul também preserva a concepção de Attilio Corrêa Lima, arquiteto responsável pelo plano urbanístico da capital. As avenidas amplas, as praças distribuídas entre os bairros e o formato em leque evidenciam a proposta original de uma cidade funcional, moderna e voltada ao convívio público.

Segundo Maria Ester, Goiânia ainda pode reconectar-se à natureza. “Bastaria devolver os córregos à vista da população”, afirma. “Não dá para renascer todos, parte do Setor Oeste teria que ser derrubada, mas córregos como o Cascavel e o Barreiro poderiam se integrar ao convívio urbano. Fazer as pessoas conviverem com esses cursos d’água seria reconectar Goiânia à sua origem. Nem o Meia Ponte, que é um rio grande, a gente vê mais.”

A urbanista também defende a criação de novas áreas verdes em regiões carentes de vegetação. “Implantar bosques em locais como o Morro do Mendanha devolveria qualidade de vida e identidade à cidade”, completa.

Goiânia quase foi Petrônia

Em 1933, Pedro Ludovico Teixeira lançou a pedra fundamental da nova capital de Goiás. Na época, uma votação popular promovida pelo jornal O Social escolheu “Petrônia” como nome da cidade,  uma homenagem direta ao fundador. O resultado foi ignorado. Dois anos depois, em 1935, Pedro Ludovico assinou o decreto que oficializou o nome “Goiânia”, que ainda hoje define o coração do Centro-Oeste.

O motivo da escolha nunca foi revelado. O silêncio manteve viva a discussão sobre o significado da cidade desde sua origem. Goiânia nasceu para representar uma nova era política e romper com as oligarquias da antiga capital. Rejeitar “Petrônia” era recusar o personalismo e afirmar o ideal de uma cidade moderna e coletiva.

Planejada para abrigar 50 mil habitantes, Goiânia uniu modernidade, natureza e organização. Décadas depois, a cidade de traçado simétrico e eixos largos inspirados nas tendências europeias cresceu e se transformou em uma metrópole com mais de 1,5 milhão de moradores. O crescimento rápido trouxe desafios de mobilidade, habitação e sustentabilidade, mas a capital segue como símbolo da expansão rumo ao interior e da busca por uma nova identidade urbana.

Comemorações dos 92 anos

O Festival do Bem, promovido pelo Governo de Goiás com apoio da Prefeitura, marca as celebrações pelos 92 anos da capital. O evento reúne três dias de shows gratuitos no Parque de Exposições Agropecuárias. A abertura, na quarta-feira (22), teve apresentação de Matheus & Kauan e arrecadação de alimentos para projetos sociais. Nesta quinta (23), o palco recebe a dupla Diego & Victor Hugo. Na sexta (24), dia do aniversário, o cantor Daniel encerra as festividades com um grande show.

Além disso, na sexta-feira, Goiânia vai receber uma edição especial do Chorinho, na Avenida Goiás. A programação começa às 17h30 com a apresentação da Banda da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Em seguida, o Trio Bossa Gyn assume o palco às 18h30, seguido pelo grupo Canta Choro, às 20h. Para encerrar a noite, o grupo instrumental Borandá se apresenta às 21h.

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