Beth Doane, estilista e empresária norte-americana, participou de Fórum Ambiental no Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), falando sobre sustentabilidade no mundo da moda. Beth é fundadora da marca Raintees, onde a cada produto vendido ao redor do mundo uma espécie de árvore em extinção é plantada em uma floresta de situação critica. Além disso a marca doa material escolar em mais de 20 países ao redor do mundo e ainda apresenta os trabalhos artísticos realizados por crianças beneficiadas em suas camisetas e demais produtos.
A história de Doane está intimamente ligada à luta pela sustentabilidade e direitos humanos na indústria da moda. “Antes de me preocupar com a questão ambiental minha vida se resumia moda e NY”, salienta a estilista que mudou de lado ao ir mais a fundo no processo de confecção e ver a realidade que envolve trabalho escravo e infantil, direitos humanos e poluição de rios e afluentes por substancias deixadas durante a fabricação de peças em países como Bangladesh, China e Vietnã.
“Eu ouvi sobre casos horríveis de trabalho infantil e de jovens mulheres que sofrem com a exposição a produtos químicos durante o tingimento de jeans e camisetas. Mas eu sabia que tinha que haver uma maneira melhor para fazer roupas e, por isso, fundei a Raintees”, relata.
Doane explica que os resíduos químicos não se restringem aos lugares onde as peças são criadas, “quando a mercadoria chega a sua casa, existe uma etiquera que pede para que você lave a roupa antes de usar porque as fábricas usam formaldeido e outros produtos para impedir, por exemplo, que as roupas se amarrotem durante o transporte, então quando a roupa é lavada mais toxinas são liberadas”. O problema, que é global, coloca em risco tanto a água para consumo humano como os peixes e toda a cadeia alimentar. Os resíduos químicos liberados na produção têxtil podem ser cancerígenos e gerar doenças respiratórias crônicas, no sistema nervoso e nos rins.
A empresária explica que a maioria das pessoas compra roupas e acessórios sem saber da quantidade de químicos e toxinas envolvidos ou em qual país o produto foi feito, mas que precisamos nos conscientizar do impacto disso em nossas vidas e no mundo, mesmo que a produção ocorra a milhares de quilômetros de distância. “Quanto mais sabemos, mais podemos mudar o que está acontecendo. Cabe a nós colocar pressão sobre grandes varejistas para cuidar melhor do planeta e dos trabalhadores globalmente”, ressalta a estilista.
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