A Dior apresentou sua coleção de Alta-Costura, para a temporada de outono-inverno 2013/14, nesta segunda-feira, 1º. Raf Simons, diretor artístico da mai son Christian Dior, explora de maneira literal uma nova alta costura, emancipada. Ele propõe uma visão do processo criativo que implica, de modo lúdico, as identidades ao mesmo tempo pessoais e culturais de ambos o criador e sua cliente.
“Comecei observando as clientes de alta costura de diferentes continentes e culturas, assim como seus estilos próprios”, explica Raf Simons. “A coleção evoluiu para representar a Dior não apenas em torno de Paris ou da França, mas confrontando um vasto mundo com diferentes culturas que influenciam a maison e a mim mesmo”.
A coleção é dividida em quatro universos distintos: a Europa, as Américas, a Ásia e a África . Cada um deles possui uma simbologia própria no que representam enquanto cultura de moda para Raf Simons e Christian Dior. A Europa se concentra no status mítico da mulher parisiense e seus profundos vínculos com a história da maison Dior. O Universo das Américas é audacioso, dinâmico e gráfico, com um lado esportivo – essa bandeira veste uma carga emocional muito particular. A Ásia representa siluetas perfeitamente equilibradas entre tradição e pureza – a arquitetura e a precisão da construção das peças de roupas são, nesse caso, o foco principal. A África representa a liberdade, a leveza e a criatividade inata; um estilo especialmente inspirado pela cultura Masaï.
Cada um desses universos é abordado de maneira extremamente profunda, mas ao mesmo tempo leve. Um lado lúdico se combina a uma sensibilidade pop que percorre todo o conjunto do desfile. Aparentemente simples e evidentes, a coleção exige, em cada detalhe, o mais extraordinário savoir-faire dos ateliers de alta-costura da Dior. Técnicas tradicionais de diversos horizontes se mesclam, como, por exemplo, o shibori japonês – um trabalho com nós e tingimento de tecidos que cria moldes distintos – e técnicas clássicas da couture francesa – tal como o bordado de plumas que pode ser visto sobre um vestido majestoso, como se fosse estrelas.
Como de costume, a cliente de alta-costura está no centro dessa coleção. A relação particular que se cria entre o couturier e a cliente é uma verdadeira troca criativa que não se limita em valorizar apenas o corpo, mas também a alma.
“O que eu queria, acima de tudo, era trazer um verdadeiro senso do real para a alta-costura”, explica Raf Simons. “E essa coleção se concentra sobre a própria realidade da mulher que leva em consideração sua cultura e sua personalidade. O que importa não é apenas como ela vai usar as peças, mas como ela vai escolher vesti-las. Sua liberdade de escolha reflete quem ela é de verdade”.
A ideia de liberdade e de escolha se desenvolve igualmente na apresentação da coleção. Quatro fotógrafos: Patrick Demarchelier (para a Europa), Willy Vanderperre (para as Américas), Paolo Roversi (para a Ásia) e Terry Richardson (para a África), foram escolhidos por Raf Simons para dar suas próprias interpretações e visões da coleção durante o desfile. São suas imagens, fotografadas em backstage em seus próprios décors, que serão projetadas ao vivo nas paredes do cenário. Elas representam o apogeu visual desta nova visão de uma alta costura simultaneamente mundial e, apesar de tudo, pessoal.