Por André Rodrigues
Numa escala evolutiva, a Animale subiu alguns degraus. Depois de duas temporadas em que foi engolida pela ambição de suas ideias, a grife que tem direção criativa da agência MINT acertou na dosagem experimentação versus conceito, criando uma coleção ajustada e pronta para o consumo de suas clientes.
Com modelos entrando na passarela pelo Parque do Ibirapuera, em plena luz do dia, puxadas pela top/ícone Raquel Zimmermann , a Animale investe no minimalismo à sua moda, com roupas tecnologicamente criadas numa mistura fina de esportivo tecnológico com rústico artesanal.
Do lado artesanal saem os bordados e rendas de efeito visual muito belo. Da extremidade hi-tech brotam os empapelados com película de alumínio, couro com elastano, tudo isso modulado, translúcido e com vontade de recriar a silhueta feminina. Aqui está o pulo do gato que deu certo nesta temporada: a equipe de estilo puxou as rédeas das experimentações, possibilitando uma coleção ainda rebuscada, porém muito mais facilmente assimilável em comparação às anteriores. Muito provavelmente, Priscilla Darolt botou suas cartas na mesa: muito do melhor neste desfile tem a cara de Darolt, uma das estilistas mais talentosas da nova geração.
Em alguns momentos a mulher Animale vem adesiva, em outros ela é assimetria total, quase um transformer. Existe uma tentativa de sensualização, mas como o aspecto altamente tecnológico se sobrepõe aos demais, o que rola é um sexy #FAIL. Mesmo quando estão milimetricamente adesivadas em micro mini vestidinhos, as modelos ainda parecem guerreiras de um futuro distante, que, vamos combinar, deveriam ter ficado no passado da marca. As tentativas de construir um styling aprimorado continuam forçando a barra, como nos saltos que deslocam o ponto de equilíbrio e em algumas sobreposições que poderiam ter passado em branco.
O importante no verão 2011 é que há um novo entendimento dentro da marca, que agora enxerga que as mulheres do mundo real precisam de roupas, precisam de conforto, precisam de design e, principalmente, precisam ficar bonitas.
Diretora de estilo: Claudia Jatahy
Direção criativa: MINT
Estilistas: Marta Ciribelli, Priscilla Darolt
Styling: Luis Fiod
Produção executiva: Zeca Ziembik
Make up & hair: Max Weber
Trilha sonora: Hugo Frasa
Cenografia: Fernando Bretas