Desfile Alexandre Herchcovitch SPFW Verão 2010/2011

Por Erika Palomino

Fazendo o penúltimo desfile de moda masculina do São Paulo Fashion Week, Alexandre Herchcovitch mostra por que é o melhor. Junta conceito, imagem de passarela, produto, moda… e desejo.

Impossível não ficar impactado pelo erotismo perverso do primeiro look: o modelo de náilon dourado portando um taco de baseball, óclinhos, sapato dourado e chapéu, meias beges esticadas. Frio na barriga.

Do moderno remix de Magritte, Charles Chaplin e Laranja Mecânica, sai uma coleção que deverá ser hit de venda e fazer parte do guarda-roupa de todo homem que queira se conectar com a moda nesta estação _tanto no Brasil quanto no mundo, já que muitos paletós e casacas garantem o uso nas estações alternadas em diferentes hemisférios.

A elegância e contemporaneidade da cartela são um assunto à parte, com os dourados e muitos neutros e marrons, trabalhados com pitadas de vinho e acesa por bordados em dourado e alguns brilhos.

As formas são simples e quase brutas, em seu essencial, com comprimentos encurtados tanto nas ótimas calças (soltonas e de cintura mais alta) quanto nas mangas dos casacos. Na estamparia, destacam-se a máxi padronagem que funde os três mundos da pesquisa, as listronas irônicas, os chapeuzinhos diminutos.

O rigor vem dos detalhes nas peças e nas sacadas de styling, como as deliciosas luvas douradas, os relógios de bolso, as pulseiras. Iconoclasta, Alexandre o tempo todo joga o clássico e o convencional contra o avant-garde, o transgressor. E nesta temporada em que o feminino faz o caminho contrário e tempera o masculino, aqui se evidencia também o domínio sobre a construção da imagem de passarela há tempos exercitado pela parceria profissional de Alexandre Herchcovitch e de Mauricio Ianes. Shirley Malmann, cabelo oculto sob o chapéu, trata da androginia que vemos nas ruas dos grandes centros do mundo.

Imagem resolvida, a fábrica agora deve resolver ombros e caimentos, que o prêt-à-porter dificulta, principalmente num trabalho com muito de alfaiataria, em materiais mais difíceis como o tafetá. Na tricoline, na malha e no linho, sem falar no náilon dos primeiros looks e no excepcional momento total black, não há muitos desafios a serem superados pela equipe. Para o consumidor, é só correr pra loja. E depois pro abraço.

Direção de casting: Roberta Marzolla
Styling: Maurício Ianês
Make up & hair: Celso Kamura
Trilha sonora: Max Blum

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