Por Luigi Torre
Para falar e entender o desfile da FH por Fause Haten é preciso levar em conta uma série de outros fatores que extrapolam o teatro (tragicômico). Desde que perdeu o direito sobre seu próprio nome enquanto marca, Fause se lançou num projeto diferente daquele que estava acostumado. Sua loja agora não tem vitrine, os clientes são atendidos apenas com hora marcada e o serviço é quase um demi-couture. Com clientela bem definida, o desfile para o estilista já não tem tanta importância como em outros momentos de sua carreira.
Agora, a passarela para Fause é palco para suas roupas e para si mesmo -, é simulacro no qual o estilista arma o espetáculo que desenha, assim bem subjetivamente, o que suas consumidoras poderão escolher na loja.
O ponto partida é uma mistura de O Médico e O Monstro (peça da qual irá assinar o figurino), com Frankenstein. Adicione aí uma pitada daquela história ladylike-anos 1950 que deu o tom na temporada internacional para o inverno 2010. Da dualidade entre Dr. Jekyll e Sr. Hyde vêm, então, os looks que na frente pareciam vestidos de saias volumosas, e nas costas calças de corte reto. Como Mary Shelley criou seu monstro, Fause constrói sua coleção a partir de diferentes partes, seu looks parecem compostos de partes de diversos outros. Tutus, paetês, acetinados, corsets, justos, amplos, estruturados e soltos. Tudo numa coisa só e embalados por trilha cantada pelo próprio estilista, assim como na coleção passada.
Como entender tudo isso? Só com o humor e deboche que o próprio Fause propõe até sobre si mesmo. Como que uma continuação do caos e loucura do inverno 2010, Fause fala de mau gosto, de bom gosto, do feio, do bonito, do cafona, do sofisticado. Como escreveu no Twitter o editor de moda da revista MAG!,Paulo Martinez: Fause ri de você,de mim, dele…. E sendo assim, esqueça tudo o que você leu.
Direção criativa: Fause Haten
Beleza: Ricardo dos Anjos
Direção de desfile: Zee Nunes