Sistemas como concreto moldado in loco, pavimento intertravado e placas de concreto, segundo Cristiane Bastos, arquiteta e urbanista da ABCP, são soluções de alta durabilidade com baixo custo de manutenção e excelente conforto de rolamento para os ciclistas.Â
No caso do pavimento intertravado, sua aplicação levaria em conta funcionalidades como reduzir a velocidade, principalmente em cruzamentos, além de permitir a sinalização horizontal. “Os três sistemas permitem pigmentação, diferenciando visualmente a via ciclável, fator importante para a segurança do ciclista”, afirma a arquiteta.Â
Outro fator é a viabilidade técnico-econômica: o pavimento requer poucos gastos com manutenção, tem ampla vida útil e proporciona uma economia com energia elétrica em razão da alta reflexão do concreto.
Enquanto uma população valoriza cada vez mais o uso de meios de transporte de baixo custo, ambientalmente corretos e que oferecem facilidades para locomoção, o gargalo de uma infraestrutura urbana ideal, que ofereça segurança aos ciclistas, chamou a atenção da ABCP para incorporar o tema ao programa Soluções para Cidades. “Existe uma demanda reprimida de ciclistas e isso se dá pela falta de vias de trânsito seguras para o uso da bicicleta. Resolver esse problema requer uma ação planejada, capaz de diminuir a vulnerabilidade do ciclista, e integrada, que favoreça o acesso a outros modais. Com infraestrutura diversa, as pessoas terão a chance de escolher o meio de transporte que seja mais favorável a elas”, afirma Cristiane.Â
Ainda são poucos os municÃpios com planos cicloviários abrangentes, que englobam toda a cidade. Segundo a arquiteta, apenas Porto Alegre, Salvador, Rio Branco, Vitória, Sorocaba, Belo Horizonte, Aracaju, Santos e Rio de Janeiro possuem esse planejamento.Â
O Brasil conta, hoje, com 600 km de ciclovias, sendo o Rio de Janeiro a cidade com a maior malha cicloviária do PaÃs, com cerca de 160km. A capital paulista, segundo dados do Plano Regional Estratégico (PRE) e da Agenda 2012, possui um plano que prioriza áreas periféricas e, segundo ele, deveria terminar o ano de 2012 com 522 km de ciclovias. A distância entre o que já existe (35,7 km, cerca de 7% do que foi planejado) e a meta traçada dá a dimensão do quanto ainda se tem por fazer. Os números brasileiros são bastante tÃmidos. Copenhagen, na Dinamarca, por exemplo, tem 340 km de vias cicláveis.
Ciclovia, via compartilhada ou ciclofaixa?
Nas grandes metrópoles, a segurança e o conforto do ciclista demandam uma infraestrutura que permita integrar o usuário da bicicleta ao tráfego, longe de vias saturadas ou de alta velocidade, alerta Cristiane. Segundo ela, em grandes avenidas, é importante segregar o ciclista de veÃculos automotores e a solução para isso é a ciclovia. “No caso da ciclovia, além da necessidade do elemento segregador, é preciso considerar se a ciclovia é unidirecional ou bidirecional, para determinar o espaço livre para o ciclista, para a sarjeta e ultrapassagem.”
Em cidades de médio e pequeno portes, o condutor do veÃculo motorizado convive melhor com o usuário da bicicleta, mas é importante avaliar as caracterÃsticas de cada cidade, desde movimentação da via até o relevo da cidade. No caso de vias compartilhadas e ciclofaixas, o uso do pavimento de concreto também gera ganhos. Por não sofrer deformação plástica ou trilhas de rodas, o pavimento é fator de maior conforto e segurança para todos os usuários.Â
Além de o pavimento ser uma variável importante para se evitar acidentes, bem como a sinalização vertical e horizontal, a educação no trânsito também é ponto-chave para a segurança no trânsito.