
“Apesar de ser o palco de inúmeras histórias marcantes para a trajetória do skate nacional, o Centro de São Paulo é, na verdade, um território imperfeito para o skateboarding – seja com as pedras portuguesas que impedem a fluidez das rodinhas ou diversas proibições e restrições, impostas dependendo da administração públicaâ€, conta Nogueira. “Proibido ou não, o fato é que o mobiliário urbano central foi ocupado. Apropriado pelo inconsciente coletivo da comunidade do skate e eternizado pelas lentes de alguns fotógrafos e videomakersâ€, explica.
Com 52 fotos e duas vÃdeoinstalações que brincam com fragmentos da arquitetura da cidade, a exposição traz ainda dois zootropos – considerado um precursor do cinema, o zootropo um sistema de projeção estroboscópico composto por um tambor circular que projeta imagens em movimento em uma superfÃcie. Para celebrar a relação entre as pessoas e a cidade, a mostra ainda convida os visitantes a levarem seus próprios retratos andando de skate pelo Centro de São Paulo, para serem colocados em um painel colaborativo. Â
“Os espaços públicos da região, com sua beleza muitas vezes difÃcil de ser entendida, fazem parte da memória afetiva de muitos skatistas e moradores de São Pauloâ€, explica Nogueira. “Até mesmo por conta da carência de lugares para o skateboarding em outros bairros, as ruas da região central e suas praças (Roosevelt, Pátio do Colégio, Vale do Anhangabaú e Sé) viraram pontos de encontro e tornaram-se referência, ilustrando importantes revistas de skate nacionais e internacionais. No final dos anos 1980 a Praça Roosevelt foi umas das pistas naturais mais importantes para o skate de rua brasileiro. Já nos anos 90 o fluxo migrou para o largo São Bento e para o recém reformado Vale do Anhangabaú, com seus diversos tipos de degrausâ€, lembra.Â