Exposição “Quentchura” do artista goiano Kboco explora o abstrato e o sagrado

São telas, esculturas e intervenções que integram símbolos culturais diversos com a arte urbana e espiritualidade brasileira
artista goiano Kboco
(Foto: Vera Donato)

O artista goiano Kboco inaugura, no Rio de Janeiro, sua nova exposição individual, “Quentchura”. Com curadoria da professora e crítica de arte Ana Avelar, a mostra estará aberta ao público até 6 de setembro na Galeria Movimento, apresentando pela primeira vez obras em madeira que resultam de sua vivência na Chapada dos Veadeiros.

A exposição reúne sete telas, três grandes esculturas totêmicas em madeira, intituladas “Dispositivos”, e 18 assemblages menores, feitas com madeiras coletadas no Cerrado e chamadas “Mini Dispositivos”. Além dessas obras, há intervenções feitas diretamente nas paredes da galeria, que destacam a importância do espiritual na arte abstrata, evocando sentimentos, emoções e o imaterial.

O trabalho de Kboco é uma fusão de símbolos de diversas culturas, incluindo hindu, budista, egípcia antiga e da cultura urbana contemporânea brasileira. Suas obras são descritas como misteriosas e familiares, evocando totens, monumentos arcaicos e objetos esotéricos que conectam o observador a outras dimensões e entidades mágicas.

No texto crítico de Ana Avelar, é destacado que a obra de Kboco materializa o indizível, algo sem correspondência no mundo dos fenômenos: “Entre a dimensão ritualística da magia e a experiência urbana, suas obras evocam símbolos de culturas diversas enquanto criam novos. A arte de Kboco reúne símbolos de múltiplas procedências e utiliza a técnica da remixagem para criar um léxico visual único”.

Kboco

Kboco nasceu em Goiânia (GO) e dedicou os últimos anos à pesquisa, produção e vivência no Cerrado, em Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros. Desde a infância, seu contato com a cultura hip-hop o levou a expandir o universo de suas pinturas para além das molduras, conferindo a seu trabalho uma escala arquitetônica e dinâmica, típica das ruas, que se reflete nas composições de suas telas.

Em sua obra, Kboco utiliza símbolos arquetípicos que perpassam distintas civilizações e culturas, criando uma trama estruturadora que permeia toda sua produção, gerando novos sentidos a partir da aproximação de imagens e signos. Suas telas, desenhos e instalações apresentam referências à arquitetura mourisca, à rica padronagem dos tecidos, bem como a símbolos e entidades das religiões de origem africana. Além disso, ele incorpora as cores, formas e texturas do Cerrado em suas obras.

Kboco já expôs em eventos como as Bienais de Valência (2007) e São Paulo (2010), além de ter realizado uma exposição individual no Museu Afro Brasil (2018) e participado de mostras na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa (2010), no MAM-SP (2005) e na Bienal de Monterrey, no México (2009). Ele também participou de várias exposições coletivas e realizou inúmeros murais em espaços públicos em cidades como Olinda, Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Goiânia, Nova York, Itália, Alemanha, Espanha e México.

artista goiano Kboco
(Foto: Vera Donato)

Serviço: Artista goiano Kboco apresenta exposição “Quentchura” no Rio de Janeiro

Quando: até o dia 6 de setembro
Onde: Galeria Movimento – Rua dos Oitis, 15 – Gávea, Rio de Janeiro – RJ

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