Método conquista pais dispostos a criarem filhos com mais empatia

Só quem tem filhos sabe como uma das missões mais difíceis é criar uma pessoa. Não importa se é um ou se são cinco, cada filho é de um jeito e tudo que é feito na criação refletirá no ser humano que essa criança se tornará. Diante dessa preocupação, muitos pais têm mudado a forma de criar seus filhos e têm aderido à Disciplina Positiva. Mas você sabe do que se trata essa tal disciplina?

Ao contrário do que muitos pensam, a Disciplina Positiva não é sobre deixar a criança fazer o que bem quiser e criar sem regras. O método é uma forma de educar com respeito, empatia, exemplo, gentileza e autonomia, mas sempre com limites e regras bem estabelecidas. São mais de 50 ferramentas que podem ser aplicadas no dia a dia.

O livro Disciplina Positiva, da autora Jane Nelsen, explica bem sobre tais ferramentas e a importância de respeitarmos o desenvolvimento da criança, e ajudarmos no controle de suas frustrações (as chamadas “birras”, que nada mais são do que a falta de controle emocional normal da infância). Segundo Kelly Santos, membra da Attachment Parenting International, doula, educadora perinatal e mãe, o conceito chegou ao Brasil há apenas cinco anos. “Ela é ainda desconhecida no país e existe um preconceito sobre. No coletivo, ela é tida como permissividade quando na verdade se trata de mostrar o bem/mal, certo/errado de uma maneira diferenciada”, completou.

Bárbara Marinho é certificada pela Association Positive Discipline e entrou no mundo da Disciplina Positiva quando teve sua filha Bela Maria, de um ano e oito meses. Para ela, os grandes obstáculos que as famílias enfrentam em aplicar o método no dia a dia é o receio de como as pessoas de fora vão enxergar e criticar e, além disso, existe o bloqueio para a mudança de comportamento que deve existir nos pais. “Nós temos que quebrar esses modelos antigos. É muito mais fácil punir, dar uma palmadinha e colocar de castigo ao invés de acolher o meu filho em um momento de birra”, destaca.

Kelly e Bárbara destacam ainda que o método oferece resultados a longo prazo. Não é necessário punir, castigar ou humilhar a criança, mas dialogar, estabelecer acordos, olhar nos olhos e criar uma conexão verdadeira e respeitosa. “Criando habilidades de vida em uma criança, nós estamos formando adultos emocionalmente saudáveis, independentes, com autonomia, com caráter, com valor. A Disciplina Positiva colabora para a formação de cidadãos respeitosos e conscientes com a vida coletiva”, frisa Bárbara.

Kelly Santos ressalta ainda que já existem estudos que comprovam os resultados positivos relacionados à metodologia. “A Disciplina Positiva já é estudada há 100 anos e a criação com apego há 60 anos. Hoje já existem estudos neurológicos que comprovam os benefícios desses métodos na formação do ser humano. Nós sabemos do potencial disso na vida de uma criança”, ressalta. Mas para ela o grande empecilho ainda é a autoanálise dos próprios pais. “É muito difícil acolher a própria história, aceitar e perceber que sua criação foi de obediência extrema e que isso gera reflexos para a vida”, garantiu a educadora perinatal.

Dia a dia

Michelly Araújo, mãe de Luan de um ano, tenta aplicar o conceito na sua própria rotina, mas ainda encontra algumas dificuldades. “A vida corrida muitas vezes me impede de colocar a Disciplina Positiva em prática. Às vezes nós precisamos parar e respirar para transmitir calma aos nossos filhos. Antes de querer ensinar a eles a lidar com as emoções, nós precisamos ser exemplo de que é possível fazer isso”, afirma.

Maria Caroline Marques, mãe do André Felipe de quatro anos e da Maria Alice de 1 ano e 4 meses, declara que enxerga a necessidade da Disciplina Positiva em todos os momentos do seu dia a dia. “Ela serve não apenas para ser aplicada aos nossos filhos, mas também na nossa relação com o mundo. Eu vejo a necessidade desse método o tempo todo”, garante.  “Como mãe, eu estudo muito a disciplina com os nossos filhos, mas em muitos momentos eu vejo a necessidade de aplicar isso na minha relação com o meu próprio marido. Esse conceito está aí para mudar nossas relações com as pessoas que nos cercam, seja na família ou até mesmo no trabalho”, explica.

Estudos

Diante dessa “revolução” que os novos pais resolveram travar com os moldes antigos de criação, muitos grupos de discussão têm ganhado espaço nas cidades e, principalmente, dentro das escolas, que também estão aderindo às mudanças na relação com seus alunos. No último sábado (23), a Escola Educare Montessori, no setor Marista, abriu as portas para pais de Goiânia ouvirem as palavras de Kelly Santos e Bárbara Marinho acerca da Disciplina Positiva.

Michelly Araújo foi uma das mães presentes e destacou a importância da realização desses eventos voltados para pais e para uma criação mais respeitosa. “Eu vejo que ainda existem muitos pais que criam seus filhos do jeito tradicional, rígido e às vezes com violência por simplesmente não saberem que existem outros caminhos para educação”, disse.

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